Resultados de Pesquisa

.

27 de fevereiro de 2007

A Visão Espírita Sobre quem matou Jesus

Quem Matou Jesus? Anízio Fernandes de Moraes Hoje, 06/07/2004 (d.C.) começo, com muito atraso, a responder as questões formuladas pelo jovem Petrick em 12/05/2004 (d.C.). As dúvidas de Petrick são as dúvidas da humanidade, porque o homem Jesus, pela sua importância, dividiu a história da humanidade em duas épocas: antes de Cristo (a. C.) e depois de Cristo (d. C.). A figura de Jesus encantou filósofos, cientistas, historiadores e artistas. A sua bondade e humildade levou a paz, o alívio, a cura a milhões de pessoas. Porém, com tudo o que foi dito a seu respeito, ele continua a ser um grande mistério. O que sabemos sobre Jesus vem dos Evangelhos. A veracidade dos textos são contestadas por historiadores e teólogos. Há grande número de evangelhos, mas apenas quatro são aceitos por todas as igrejas cristãs: os chamados "canônicos" (de acordo com a regra) atribuídos a Marcos, Mateus, Lucas e João. Os demais foram considerados "apócrifos" (não autênticos). O Evangelho mais antigo, o de Marcos, foi redigido entre 66 e 68 d.C.. Os de Mateus e Lucas na década de 80 d.C.. Entre 90 e 110 d.C. foi concluído o de João. Por este motivo os evangelhos não são totalmente confiáveis, pois suas composições foram relativamente tardias, ou seja, escritas várias décadas após a morte de Jesus. Os Evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas são muito semelhantes (possuem 330 versículos em comum), o que nos leva a pensar que mantiveram algum contato na elaboração dos evangelhos. Por isso são chamados de "sinóticos" (num rápido olhar se vê todas as partes do conjunto). Tudo o que se sabe até hoje sobre Jesus está fundamentado em pesquisas científicas, fruto da análise de historiadores e cientistas e no estudo dos evangelhos e documento afins. I - A época em que Jesus viveu Para respondermos às questões de Petrick é necessário que conheçamos a época em que Jesus viveu, ou seja, estudar o ambiente político, social e religioso. Como sabemos, a humanidade vive ao sabor das alternâncias dessas três forças, que condicionam o comportamento e determinam direitos e obrigações. Vamos comentar rapidamente alguns aspectos sobre o surgimento da nação judaica, para que possamos entender os aspectos psicológicos que norteiam o povo palestino, canalizados para um fanatismo religioso, no qual se identificam como o povo eleito de Deus. Na época em que Jesus viveu, há dois mil anos, os territórios que correspondem hoje a Israel e à Palestina se encontravam sob o domínio romano. Esta região, ainda hoje, é palco de graves conflitos envolvendo judeus e palestinos, motivados por questões políticas e religiosas, mais políticas do que religiosas. Antes disso, desde o século 6 a.C., a região fora conquistada sucessivamente por babilônios, persas e gregos. Roma consolidou sua ocupação em 63 a . C. A história da nação Israel se iniciou com Abraão, o Patriarca, que conversava com Deus e recebeu Dele a missão de conduzir o povo hebreu para Canaã (região da Palestina e da Fenícia), local onde seria constituída uma grande nação. Abraão era homem de muita fé. A suprema prova da fé de Abraão ocorreu quando, em obediência às instruções de Deus, construiu um altar e preparou-se para oferecer Isaque, seu filho, como sacrifício queimado. No último instante Deus interveio e ofereceu um carneiro como substituto de Isaque. Israel (Perseverador com Deus). Nome que Deus deu a Jacó quando este tinha cerca de 97 anos. Israel se consolidou como nação após ter o povo israelita se libertado da escravidão do Egito e ter se fixado na terra prometida. "Assim, libertado legalmente do Egito, Israel tornou-se propriedade exclusiva de Jeová. "Somente a vós vos conheci dentre todas as famílias do solo". (Êx 19:5,6). Deus então achou apropriado, contudo, lidar com eles, não estritamente como sociedade patriarcal, mas sim como a nação de Israel, que Ele (Deus) criou, dando-lhe um governo teocrático alicerçado no pacto da Lei como constituição. (Estudo Perspicaz das Escrituras, pg. 450) Israel era uma nação teocrática, mesmo porque, segundo a Bíblia, o seu governo fora determinado por Deus. Portanto, politicamente falando, os direitos e deveres dos cidadãos eram impostos por pessoas que se achavam investidas de poderes divinos. Essa característica do poder, envolvida por profundo fanatismo religioso, impunha ao povo um regime austero e intransigente. (As análises têm por base a Bíblia) Como já relatamos no início, a região da Palestina estava ocupada pelo império romano desde 67 a. C.. Assim, Israel tinha um governo teocrático que era subordinado ao imperador romano. II - Atitudes de Jesus que o levaram a julgamento Alguém matou Jesus. A morte de Jesus não foi um acidente. Porém, ninguém publicou algo que relatasse o processo e o concluísse trazendo provas irrefutáveis sobre o autor ou autores do crime. Os cristãos não acompanharam o julgamento, pois já tinham fugido quando Jesus foi capturado. A elite sacerdotal ou o poder romano nada registrou, porque Jesus era insignificante para eles. Quem realmente matou Jesus: a elite judaica; os romanos; os judeus, ou o próprio Jesus? Segundo os Evangelhos, Jesus foi levado diante do Sinédrio, na presença do Sumo Sacerdote Caifás, onde os escribas e anciãos estavam reunidos. O chefe dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um falso testemunho contra Jesus, a fim de matá-lo. Apresentaram-se duas falsas testemunhas que afirmaram ter Ele dito: "Posso destruir o Templo de Deus e edificá-lo depois de três dias" e por ter afirmado que era Cristo, filho de Deus (Mt 26: 57-68), faltas consideradas graves e por isso foi levado para ser julgado por Pôncio Pilatos, a) A elite judaica. Jesus foi levado a Pilatos, que era o governador romano da Judeia durante o ministério terrestre de Jesus, por ordem das autoridades judaicas para ser julgado sob a acusação de que era subversivo, que defendia o não pagamento de impostos, que iria destruir o templo e que dizia ser rei, rivalizando assim com César. Por quê? ® A atitude de Jesus não foi exatamente pacífica. O episódio está nos Evangelhos. "Numa visita ao Templo de Jerusalém, o coração religioso da Judeia, Jesus expulsa os vendedores de animais e comerciantes instalados nos arredores. "Não faças da casa de meu Pai um mercado!" (Mt 21:12, 13) Não foi um simples "rapa" nos camelôs. Os comerciantes faziam parte da estrutura de arrecadação do Templo. Os animais eram vendidos a preços exorbitantes. Os cambistas trocavam moedas que os visitantes traziam pela única aceita pelo Templo, o "shekel". Esse dinheiro junto com os impostos cobrados de todos os judeus adultos, faziam do Templo mais do que uma igreja. Na prática era o Banco Central da Judeia, empregando em torno de 18000 homens, que administravam e guardavam imensa fortuna. Esta situação contrariava tudo o que Jesus pregava: igualdade, fraternidade, caridade, etc. Jerusalém festejava a Páscoa (aniversário da fuga do Egito liderada por Moisés, 1400 anos antes). O Templo recebia entre 200 e 300 mil visitantes de toda a Judeia. Jesus é preso e a acusação (falsa) é de que dissera que destruiria o Templo e o condenaram à morte. Mas o direito de aplicar a pena de morte era exclusividade dos romanos. Diante disso, os chefes religiosos entregaram Jesus ao poder romano. Os líderes judeus pediam a condenação de Jesus e sua execução. Pilatos, no entanto, não vê crime nos atos de Jesus. Ao saber que Jesus era da Galiléia, enviou-o a Herodes Antipas, judeu, governante distrital (tetrarca) da Galiléia, que era inimigo de Pilatos. Herodes, que era uma pessoa devassa e cruel (Estudo Perspicaz das Escrituras), apenas zombou de Jesus, pedindo-lhe que fizesse milagres, o que não ocorreu. Revestindo Jesus de uma túnica branca, envia-o de volta a Pilatos. Desejava Pilatos livrar Jesus, pois o julgava inocente. Interroga-o novamente, porém nada encontra para condená-lo e oferece Barrabás, um criminoso, para ser crucificado em seu lugar. O povo pede que soltem o bandido. Diante da situação incontrolável, Pilatos mandou levar Jesus a um pátio e entregou-o a uma companhia de soldados que o submeteram a terríveis flagelos. Quem eram os líderes judeus: "Os "chefes dos sacerdotes" e os "escribas", com freqüência acompanhados dos "anciãos", formam uma tríade sempre ao encalço de Jesus. Quem são essas figuras? O sumo sacerdote, no período da ocupação romana, era nomeado pelo governador, que o escolhia entre as famílias judias dominantes. Caifás, então, era o Sumo Sacerdote, genro de Anás, cuja influência aparentemente ainda se fazia sentir. Os "chefes dos sacerdotes", segundo o padre Raymond Brown (vide bibliografia), eram provavelmente antigos sumos sacerdotes, ao lado de preeminentes membros de famílias entre as quais sumos sacerdotes recentes haviam sido recrutados, e algumas pessoas a quem tinham sido confiadas especiais missões sacerdotais. Os "anciãos" seriam patriarcas das famílias mais ricas e distintas, e os escribas, pessoas que se destacavam pela "inteligência e cultura", entre as quais se encontrariam os "fariseus". Grosso modo, esses três grupos constituiriam o Sinédrio, que no total contava 71 membros." (Revista "Veja"- 04/95) Caifás: José Caifás era sumo sacerdote durante o ministério terrestre de Jesus. (Lu 3:2). Era genro do sumo sacerdote Anás, seu antecessor. (Jo 18:13). Caifás era saduceu. (At 5:17). Caifás era líder de um complô para eliminar Jesus. Profetizou que Jesus morreria em breve pela nação, e empenhou-se de todo o coração neste sentido. (Jo 11:49-53: 18:12-14). No julgamento de Jesus perante o Sinédrio, Caifás rasgou a roupa e disse: "Ele blasfemou!" (Mt 26:65), referindo-se ao fato de Jesus reivindicar a dignidade divina. Quando Jesus estava perante Pilatos, Caifás estava sem dúvida presente, clamando: "Para a estaca com ele! Para a estaca com ele! (Jo 19:6, 11); ele foi um dos que pediram que Barrabás fosse liberto, ao invés de Jesus (Mt 27:20, 21; Mr 15:11); estava ali, bradando: "Não temos rei senão César" (Jo 19:15); também estava protestando contra o letreiro afixado sobra a cabeça de Jesus: "O Rei dos Judeus" (Jo 19:21). Anás: Designado sumo sacerdote por volta de 6 ou 7 EC por Quirino, governador romano da Síria até cerca de 15 EC. (Lu 2:2). Anás era, por conseguinte, sumo sacerdote quando Jesus, aos 12 anos deixou admirados os instrutores rabínicos no templo. (Lu 2:42-49). Quando Jesus foi preso, ele foi primeiro levado a Anás, para interrogatório, e então levado a Caifás, para julgamento. (Jo 18:13). O nome de Anás encabeça a lista dos principais oponentes dos apóstolos de Jesus Cristo. (At 4:6). Anás era um homem rico, e uma de suas principais fontes de renda era a venda de sacrifícios no templo. Por este fato, tinha razões para matar Jesus, que por duas vezes purificou o templo, que eles tinham transformado num "covil de salteadores". (Jo 2:13-16; Mt 21:12, 13; Mr 11:15-17; Lu 19:45, 46). Um motivo adicional para o ódio que Anás tinha a Jesus e seus apóstolos, era o ensino sobre a ressurreição, cuja prova era a ressurreição de Lázaro, porque sendo Anás saduceu ele não cria na ressurreição. ("Estudo Perspicaz das Escrituras") b) Os romanos: Pilatos, como um líder romano, era também responsável pela segurança do império. Ocorriam constantes rebeliões, que desgastavam a tropa. Roma, representada por Pôncio Pilatos, na região da Judeia, governava em conluio com as elites locais. Assim, tanto os sacerdotes (liderados por Caifás, o supremo sacerdote) quanto Herodes (judeu), governante distrital da Galiléia (designado pelo senado romano) podiam coletar impostos para si, desde que mantivessem o povo satisfeito com os romanos e dessem ao César parte da arrecadação. A corrupção é um mal muito antigo. Diante deste quadro, Pilatos não poderia negar um pedido dos judeus (matar Jesus). Não importava se inocente ou culpado. Seu dever era evitar atritos com os líderes religiosos, garantindo o fluxo de impostos para si e para o império. Por quê Pôncio Pilatos aparece na Bíblia preocupado em defender a inocência de Jesus? Na verdade, o que estava em jogo era a absolvição de Pilatos, afirma o historiador Edgar Leite, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. c) O povo judeu: A Bíblia narra que Pilatos propõe que os judeus escolham em soltar Jesus ou um bandido, Barrabás. A multidão escolhe o fora-da-lei. Diante disso, qualquer leitor é levado a aceitar o povo judeu como responsável pela morte de Jesus. Conforme diz o historiador Pedro Paulo Funari, da Unicamp, este fato é inverossímil. "Não existe nenhum outro caso conhecido em que um procurador romano fosse ouvir o que a população achava. Ainda mais se esse povo nem romano era". O que se tem como certo é a participação ativa da elite judaica, representada pelas autoridades locais e os sacerdotes, tendo à frente o sumo sacerdote Caifás. Por quê condenar o povo Judeu? O anti-semitismo é muito mais antigo que o cristianismo. A nação judaica foi construída através de longos e difíceis sacrifícios. Israel, cuja capital é Jerusalém, se encontra no Oriente Próximo, Ásia. Idioma: hebraico e o árabe. Israel é um país resultante da partilha da antiga Palestina (Jerusalém estava dividida até 1967 entre Israel e a Jordânia). Israel mantém constantes atritos com seus vizinhos árabes. Falar sobre o povo judeu é um interessante tema para uma próxima oportunidade. As acusações contra o povo judeu, que se espalham pelo mundo ao longo dos tempos, num nefando processo chamado anti-semitismo, por motivos que não importam no presente trabalho, teria como um dos fatores o nome de Judas. O nome "Judas" estaria etimologicamente ligado a "judeu". Seu gosto pelo dinheiro (30 moedas) foi generalizado para todo um povo. Santo Agostinho disse: "... enquanto Pedro representa a igreja, Judas representa os judeus..." d) Jesus: A possibilidade de Jesus ter provocado sua morte não pode ser descartada. A investida violenta contra os vendilhões do templo deu inicio a grande revolta entre os participantes, bem como atingiu frontalmente as lideranças políticas e religiosas, envolvidas com a negociata. A sua presença era um perigo constante. Além do mais, João Batista tinha sido executado por Herodes, na Galiléia, por motivos banais. Jesus, com certeza, tinha consciência do perigo que corria. No entanto, sua morte traria grande impacto em prol da causa que sustentava. Isto não quer dizer que Jesus premeditou este desfecho. III - O julgamento Todo julgamento, em princípio, deve seguir uma máxima do direito que diz: "Não há culpa sem prova e nem crime sem cominação legal". De acordo com a análise dos atos praticados por Jesus, verificamos que ocorreram duas atitudes consideradas graves pelas autoridades judaicas, passíveis de punição: a primeira foi a expulsão dos "camelôs" do Templo e a segunda a acusação de blasfêmia por se declarar filho de Deus. A expulsão dos mercadores do Templo, à luz da moral, não constitui uma falta grave, pelo contrário, visou preservar o respeito à casa de Deus. O fato de Jesus se dizer filho de Deus não é uma blasfêmia, pois Abraão e os demais patriarcas e profetas consideravam Deus como o supremo Senhor e, conforme diz a Bíblia, Deus afirmava ser os judeus o seu povo eleito, e Jesus era Judeu. Disto se conclui que: A condenação de Jesus foi uma farsa perpetrada com o objetivo de acobertar os atos imorais que vinham sendo praticados pela elite judaica (sacerdotes liderados por Anás, Caifás, escribas e anciãos) mancomunados com autoridades romanas, dentre as quais destacamos Pilatos e Herodes (que era judeu). IV - A condenação Por qual motivo Jesus foi condenado? Jesus foi submetido a dois julgamentos: judeu e romano. O julgamento judeu teria sido uma investigação preliminar, não um julgamento. Outros afirmam que coube aos romanos apenas executar uma sentença judia. Segundo diálogo que João presenciou entre Pilatos (que não encontrava razões legais ou morais para condenar Jesus) e as autoridades judaicas, Pilatos diz: "Tomai-o vós mesmos e o julgai conforme a vossa lei". Os judeus responderam: "Não nos é permitido condenar ninguém à morte." Percebe-se através desse diálogo que a intenção das autoridades judaicas era matar Jesus e não simplesmente puni-lo. Surgiu, então, um problema de competência entre a justiça romana e a judaica. Pilatos diante do impasse, entregou Jesus aos soldados para que o castigassem e, em seguida, Jesus foi levado para ser crucificado. Conclusão Podemos agora, ao final desta análise, declinar nomes de supostos culpados pela morte de Jesus, sob o meu humilde ponto de vista, embora apoiado em fontes duvidosas, o que deixa um enorme campo para discussões. Questionamento do Petrick: 1. De quem é a culpa pela crucificação: do povo ou de Pilatos? Povo: Conforme constatamos através de documentos e relatos que chegaram até nós, o povo judeu aguardava, com ansiedade, um líder que os tirasse da condição de penúria e sofrimento em que viviam, cujos culpados eram os líderes judeus. O povo, em razão de sua humildade e miséria, não tinha expressão nenhuma que sensibilizasse as autoridades romanas, a ponto de contrariar um desejo de Pilatos (libertação de Jesus). Por outro lado, é impossível aceitar que um povo se manifeste contra um homem, que era judeu, e se empenhava em ajudar os pobres, enfermos e oprimidos, a ponto de pedir sua crucificação. Pilatos: Pilatos teve uma participação muito grande na condenação de Jesus. Por quê? Pilatos realmente não encontrava culpa em Jesus, porque Ele não havia cometido nada que violasse os princípios da lei vigente naquela época. (vide o princípio legal: "... não há culpa sem prova e nem crime sem cominação legal ...". No entanto, Pilatos não podia assumir sozinho a condenação e a transferiu para as autoridades judaicas: "Levai-O e aplicai a vossa lei". Este comportamento, aparentemente correto e justo, estava encoberto por dois importante motivos: a) Era do interesse de Pilatos que Jesus fosse eliminado porque a sua presença atrapalhava a "negociata" do Templo (vide letra "a"); b) O povo judaico não aceitava o jugo romano e, portanto, ocorriam várias rebeliões contra as tropas romanas. Em razão disso, Pilatos não poderia contrariar as autoridades judaicas que pediam a morte de Jesus, para não provocar um descontentamento. Na verdade, Pilatos, lavando as mãos, salvou-se a si mesmo. Pilatos, pela seu comportamento, a meu ver, seria enquadrado como co-autor da morte de Jesus. 2. Os soldados que crucificaram Jesus, embora cumprindo ordens, têm parcela de culpa? Não têm culpa pela condenação, mas sim pela execução, levando-se em conta a necessidade de consumar o ato em razão de sua condição profissional. Vejamos em "O Livro dos Espíritos", Capítulo IV - Assassínio. Questão 746: O assassínio é um crime aos olhos de Deus? Sim, um grande crime, pois aquele que tira a vida de um semelhante interrompe uma vida de expiação ou de missão, e nisso está o mal. Questão 747: Há sempre no assassínio o mesmo grau de culpabilidade? Já o dissemos: Deus é justo e julga mais a intenção do que o fato. Questão 749: O homem é culpado pelos assassínios que comete na guerra? Não, quando é constrangido pela força; mas é responsável pelas crueldades que comete. Assim, também o seu sentimento de humanidade será levado em conta. Devemos entender que "cada um tem o que merece, de acordo com suas obras" e o que conta nesses casos é a intenção de cada um. 3. Todos os que colaboraram para a sua condenação serão perdoados? Perdoados por Deus ou pelos homens? Por Deus, com certeza. Pelos homens, não sei. Cada um receberá o que merecer, de acordo com o seu grau de comprometimento. De uma coisa temos certeza, Deus é amor e não abandona ninguém. Todos alcançaremos, um dia, após vencermos nossas imperfeições, a condição de Espíritos Puros. 4. Até onde teria chegado o império de Jesus se não tivesse sido morto? Teria se tornado um grande rei ou imperador? Acredito que a morte e a ressurreição de Jesus foram necessárias, pelos seguintes motivos: a) Jesus revelou à humanidade o amor (Segunda Revelação).Portanto, as armas que Jesus utilizou para derrotar seus inimigos eram a paz, a solidariedade, a fraternidade, virtudes desconhecidas e ignoradas na época, cujo lema era: "Quem com ferro fere será ferido". Jamais Jesus derrotaria as grandes potências e impérios, constituídos de pessoas ainda no estágio da barbárie, com demonstração de amor e fraternidade. b) A morte e a ressurreição de Jesus tornou-o um líder carismático e revelou que Deus existe e que a vida não se resume só ao plano material. A Doutrina Espírita nos revela a grandeza da obra de Deus e nos apresenta a maravilha de sua criação, da qual, felizmente, fazemos parte. Se Jesus não tivesse sido morto, com certeza teria sido o maior rei ou imperador de todos os tempos, embora a humanidade fosse imperfeita. A sua gestão, embora divina, não faria milagres, pois milagre não existe. Com isso concluo esse humilde trabalho que acrescentou muito à minha significativa ignorância, o que me leva a agradecer ao Petrick pela oportunidade que me ofereceu. Bibliografia: 1. Revista "Veja" - 04/95; 2. Revista "Época" - 04/02; 3. "A Morte do Messias" - Padre Raymond Brown; 4. "Quem Matou Jesus" - John Domuinic Crossan; 5. "O Julgamento e a Morte de Jesus" - Hainn Cohn. 6. "Bíblia de Jerusalém", Paulus Editora. 7. "Estudo Perspicaz das Escrituras", Soc.Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, 1992. Anízio Fernandes de Moraes – Centro Espírita Ismael – 05/ago/2004. { Costa }

Nenhum comentário: