O governo do Brasil reagiu nesta quinta-feira à retenção de 30 brasileiros no aeroporto de Madri, Espanha, na noite de quarta. Em nota oficial, o Itamaraty disse que "as medidas recentemente adotadas pelas autoridades imigratórias da Espanha são incompatíveis com o bom nível do relacionamento entre os dois países". Somente no mês passado, 452 brasileiros foram impedidos de entrar em solo espanhol. Em 2007, houve 3.000 deportações, segundo o Itamaraty.
O secretário-geral de Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, chegou a convocar o embaixador espanhol em Brasília, Ricardo Peidró, para prestar esclarecimentos sobre o ocorrido. José Viegas Filho, embaixador do Brasil em Madri, apresentou uma reclamação na Chancelaria da Espanha. Em nota enviada da República Dominicana, o chanceler Celso Amorim ameaçou responder a Madri com "reciprocidade", ou seja, recusar a entrada de espanhóis no Brasil.
Mesmo assim, outros 20 brasileiros, que faziam parte do grupo barrado na quarta, foram deportados já nesta quinta. Entre eles dois pesquisadores do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), que estavam na Espanha para fazer conexão para Lisboa, onde participariam de um congresso da Associação Portuguesa de Ciência Política.
Para o embaixador Peidró, o caso sofre superexposição da mídia, pois seu país apenas respeita as regras da União Européia para a entrada de estrangeiros. "Não temo que os espanhóis sejam rechaçados no Brasil. Isso acontece quando não se cumprem as normas. Na semana passada, dois espanhóis, por exemplo, foram deportados. Mas não fazemos campanha desses casos", afirmou.
Retenção – Na noite de quarta, 30 brasileiros do vôo 6024 da Iberia foram barrados pela imigração espanhola e isolados em uma sala no aeroporto de Madri. De acordo com relatos dos retidos, eles não receberam informações sobre a recusa de entrada no país e ficaram sem comer e beber água por cerca de dez horas. O cônsul-geral em Madri, Gelson Fonseca, solicitou à delegacia de imigração a liberação dos brasileiros, mas o pedido foi negado. Os policiais afirmaram que os brasileiros causavam desordem no aeroporto.
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