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30 de abril de 2008

Em tática arriscada, Hillary lembra governo de seu marido

Colaboração para a Folha Online

Nos últimos discursos, a pré-candidata democrata à Casa Branca Hillary Clinton tem lembrado seus eleitores a prosperidade vivida durante a década de 90, época do mandato de seu marido, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. Mas a tática pode se voltar contra a senadora, já que não foram só bons momentos que marcaram a Presidência de Clinton.

A tática é usada principalmente entre os trabalhadores pobres de grandes Estados industriais --como a Pensilvânia e Indiana--, que nos últimos anos viram seu nível de vida cair e seus empregos acabarem. Este eleitorado, que já tradicionalmente apóia a senadora nas primárias, é considerado fundamental para garantir a vitória democrata também nas eleições gerais de 4 de novembro.

"Algumas vezes durante esta campanha eu ouvi criticismo dos anos 90. Isso é justo. É uma eleição e nós esperamos ser criticados. Mas eu sempre quis saber qual parte dos anos 90 eles não gostam: a paz ou a prosperidade", disse Hillary em um discurso na semana passada em Fayetteville, na Carolina do Norte.

Sua volta à década de 90 foi tema de uma reportagem no jornal norte-americano "The Wall Street Journal", que questiona se a dita prosperidade dos anos 90 superará os maus momentos de escândalos políticos e divisões partidárias também associadas ao governo de Clinton.

Elise Amendola/AP
Former President Bill Clinton speaks to his wife, Democratic presidential hopeful Sen. Hillary Rodham Clinton, D-N.Y., as they greet and sign autographs at a rally in Pittsburgh, Monday, April 21, 2008. (AP Photo/Elise Amendola)
Bill Clinton participa da campanha com sua mulher, a pré-candidata democrata Hillary

Leia a íntegra, em inglês

No discurso na Carolina do Norte --que realiza suas primárias em 6 de maio--, Hillary falou orgulhosa aos generais aposentados sobre a relativa paz do governo de seu marido, conhecido por sua política internacional aberta ao diálogo e às soluções pacíficas. "Comparado com o que vimos durante os anos 90, nós regredimos", falou Hillary.

Neste momento, reporta o "Wall Street", um dos presentes gritou da platéia "Sim, mas seu marido também sofreu processo de impeachment por infidelidade", referindo-se ao escândalo da Monica Lewinsky.

Este é um risco que a equipe de campanha de Hillary aceitou correr. Ao lembrar dos momentos de prosperidade econômica do governo Clinton, ela abre espaço para eleitores --e críticos-- lembrarem dos maus momentos e intrigas políticas.

Ataque democrata

Seu rival democrata Barack Obama parece não querer desperdiçar a chance. No debate democrata na Filadélfia, antes das primárias da Pensilvânia, Obama lembrou aos telespectadores alguns dos motivos pelos quais eles não gostam de Clinton.

Durante as duas horas de debate, Obama usou termos contidos para lembrar de uma história de 1992 quando Hillary afirmou de maneira pejorativa que poderia ter desistido de sua carreira política e "ficado em casa, assado biscoitos e tomado chá". Na época, muitos classificaram Hillary como uma ultrafeminista.

Na semana passada, em um fórum em Kokomo, Indiana, Obama culpou a divisão e os segredos envolvendo o primeiro mandado de seu marido pelo fracasso de Hillary em conseguir uma reforma do sistema público de saúde. "Todas estas pessoas falam sobre quanta experiência eles têm. Por que então eles não conseguiram fazer [a reforma]?", falou Obama.

Identidade

As críticas apontam para um problema que vem se arrastando durante toda a campanha de Hillary. Por mais de um ano, os seus assessores debatem como enfatizar os aspectos positivos da Presidência de Clinton sem impedir que Hillary crie uma identidade própria e evite ser apenas um lembrete do que os eleitores não gostavam nos anos 90.

"Nós reconhecemos que não podemos confiar nas conquistas dos anos 90", disse o porta-voz de Hillary, Mo Elleithee. "Mas ao mesmo tempo muitas pessoas de todos os grupos demográficos têm boas memórias de como eram suas vidas nos anos 90", completa.

A tática de Hillary de lembrar os bons momentos da década passada intensificaram-se com a aproximação das disputas democratas em Indiana e Carolina do Norte, em 6 de maio e Virgínia Ocidental e Kentucky, em 13 e 20 de maio respectivamente.

Estes Estados têm grandes eleitorados de baixa renda e de cidades rurais, similares aos que gostam de Clinton da sua época como governador de Arkansas e que prosperaram durante os anos 90. Hillary "é associada com a década sinônimo de crescimento de empregos e estabilidade econômica", diz o senador de Indiana Evan Bayh, que apóia a ex-primeira-dama.

www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u397205.shtml

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