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31 de março de 2007
300 - dos quadrinhos para a telona - Filme
Rodrigo de Moraes / Agência Anhangüera
Leônidas era um cara que não primava exatamente pela diplomacia. Rei de Esparta, cidade-estado da Grécia onde os homens eram criados desde a infância para serem máquinas de matar, ele tinha uma maneira particular de tratar de questões de política externa. Como, por exemplo, atirar mensageiros de exércitos invasores no poço. Em 300, filme de Zack Snyder que estréia hoje no Brasil após desempenho notável em bilheterias norte-americanas, a seqüência acima é a resposta que o soberano, vivido por Gerard Butler (de O Fantasma da Ópera) aos caprichos do imperador Xerxes (Rodrigo Santoro), que quer aumentar sua coleção de territórios conquistados. E dá o tom ao resto do filme, calcado nos quadrinhos homônimos de Frank Miller, com um número incontável de mortes e sangue respingando nas telas. O sangue é digital, assim como grande parte do que se vê em 300, com exceção de alguns cenários e, claro, dos atores, que filmaram em frente a uma tela azul.
Mas o blockbuster, terceira maior bilheteria em um fim de semana da estréia para filmes com classificação "R" (que determina que menores de 17 devem estar acompanhados) nos Estados Unidos, não deve chocar nesta era pós-Tarantino. Mesmo porque, segundo o diretor, ao contar a história dos 300 marombados que evocaram a "honra" e "glória" de Esparta para se lançar em embate suicida contra soldados persas em número infinitamente maior, não pretende ser mais que uma adaptação de uma história em quadrinhos. "Amanhecer dos Mortos (seu filme de estréia) e 300 são muito bem resolvidos. Amanhecer... não pretende ser mais do que é, um filme sobre zumbis, e o mesmo acontece com 300. Eles estão à beira da paródia", disse Snyder em coletiva de lançamento do filme no Brasil, semana passada no Rio de Janeiro.
O diretor, egresso da indústria de videoclipes, também não pretende posar de cineasta "sério". Mesmo porque é praticamente um garotão que cresceu (?) lendo revistas em quadrinhos e assistindo filmes B, e sua preocupação com questões morais e éticas nos filmes é tão rala quanto a de um adolescente que se diverte vendo cabeças de inimigos explodindo na tela do videogame. "Os heróis de 300 são moralmente horríveis, e é isso que me diverte", diz. No entanto, ele afirma que tratou de usar recursos para inibir uma possível identificação do espectador com esses heróis tortos. "A cena em que o Leônidas come uma maçã enquanto os persas são mortos é para mostrar que aquele na tela não é você", explica.
Na coletiva, Snyder voltou a comentar as interpretações políticas que seu filme vem recebendo desde que estreou. Houve críticos, conta o diretor, que compararam Bush a Xerxes. Outros disseram que de Leônidas, em sua batalha contra as "hordas bárbaras", era a personificação do presidente norte-americano. Nem um nem outro, diz Snyder: "Queria fazer uma adaptação de quadrinhos, sou um fã de ação". É uma justificativa que encontra eco na declaração de Rodrigo Santoro. "Esse filme é tão focado na história em quadrinhos, tão fantasia... Nunca houve intenção de fazer essas implicações", diz o ator, cabeludo e barbado em contraste com seu personagem, cuja maquiagem e adereços o levaram a ser comparado de maneira jocosa com uma drag queen.
E é, de fato, uma figura bizarra. Representa um semi-deus, ainda que sua voz de trovão (que chegou a provocar risos em exibição no Festival de Berlim) e seus 3 metros de estatura escondam uma criança mimada e insegura. "É um personagem contraditório", diz Santoro. Essa contradição fica evidente quando Zack Snyder diz que o personagem, apesar do que é sugerido, não é o vilão da história. "Achei que Xerxes não era vilão suficiente. Ele é a razão no filme", diz o diretor, que entregou o papel de crápula ao político espartano Theron (Dominic West).
{Costa}
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