Resultados de Pesquisa

.

10 de março de 2007

Bush deixa o Brasil sem reduzir tarifa de importação do etanol

A Tarde On Line e Agências O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, deixou o Brasil na noite de sexta-feira, após ter assinado um acordo de cooperação tecnológica para a produção do etanol. Entretanto, a questão central da negociação sobre biocombustíveis entre os dois países foi desfavorável para o Brasil, como já previam os produtores nacionais de álcool. Bush não concorda com a reivindicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a redução imediata da tarifa norte-americana de importação do biocombustível brasileiro, que é de US$ 0,54 (cerca de R$ 1,13) por galão. Esse era o ponto principal da visita do presidente norte-americano ao Brasil. "Isso não vai acontecer. A lei vai até 2009", disse Bush, referindo-se à recente renovação pelo Congresso dos EUA da legislação que estipula a tarifa. A declaração foi feita em São Paulo, sexta-feira a tarde. Como resposta, Lula adotou uma postura diplomática ao afirmar que a redução da tarifa de importação do etanol depende de "muita conversa e convencimento" para ser efetivada. "Não acho que um país vá abrir mão das coisas que protegem seu comércio porque um outro está pedindo. É um processo de convecimento, de muita conversa, e vai chegar um dia que essa conversa vai amadurecer e chegar num denominador comum que vai permitir um acordo." Os produtores brasileiros de álcool pressionaram o governo para que Lula pedisse a diminuição da tarifa a Bush, mas, de modo geral, o setor apostava que não haveria mudanças expressivas nesta direção durante a visita. Para a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), a tarifa não impede que o Brasil, produtor mais eficiente de etanol, embarque produto para os EUA, mas representa uma barreira ao livre comércio, devendo, portanto, ser removida. Os EUA foram o principal mercado comprador de álcool em 2006, respondendo por cerca de metade do total embarcado pelo Brasil. O petróleo caro e a oferta escassa de etanol produzido nos EUA criaram condições no ano passado para que as exportações acontecessem apesar da tarifa. Os dois presidentes também manifestaram otimismo em relação às negociações comerciais da Rodada de Doha, no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio). No pronunciamento, Lula mandou um recado aos ministros das Relações Exteriores dos dois países: "façam acordo o mais rápido possível". O presidente brasileiro disse que, se Brasil e EUA se entenderem, "fica mais fácil" convencer os outros países a aderir a acordos sobre os subsídios de produtos agrícolas praticados pelos países desenvolvidos. Lula relatou ter conversado detidamente com Bush sobre o comércio mundial e repetiu o otimismo com uma solução em curto prazo para as negociações, que foram interrompidas temporariamente no final do ano passado. Bush, que falou logo em seguida, disse em resposta que a rodada "é importante", que Brasil e EUA estão "no centro do debate". Segundo ele, há muito trabalho a ser feito, mas um acordo é possível e, se Brasil e EUA trabalharem juntos, "muitos outros países poderão trabalhar juntos". {Costa}

Nenhum comentário: