Numa inédita operação conjunta, iniciada na segunda-feira e divulgada nesta sexta, polícias civis de todos os estados e do Distrito Federal prenderam membros de quadrilhas de seqüestradores, traficantes, homicidas, estupradores e assaltantes. Pelo menos 2.222 pessoas foram presas em 11 estados e no Distrito Federal ( conheça os números da operação). Só em São Paulo foram 1.674 presos num único dia. Entre eles, estavam 219 menores. Desse total, 773 foram autuado e liberados após prestarem depoimento nas delegacias.
Eles são acusados de crimes de menor gravidade e responderão inquérito em liberdade. No balanço da ação realizada no estado — feito pelo presidente do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia, Mário Jordão Toledo, que é delegado geral da Polícia Civil de São Paulo e coordenou a operação — e pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Marzagão, houve três mortes de bandidos em confronto com a polícia. Foram apreendidos 321,95 quilos de entorpecentes e 257 armas apreendias, entre elas duas metralhadoras. O balanço total da operação só será divulgado na segunda-feira.
Apesar de o delegado Celso Ferro, diretor do Departamento de Atividades Especiais da Polícia Civil, em Brasília (DF), ter dito mais cedo que a ação tinha como objetivo chamar a atenção das autoridades sobre a atuação da Polícia Civil, o coordenador da ação negou no fim da tarde desta sexta que a megaoperação fosse um protesto. O delegado geral da Polícia Civil de São Paulo, Mario Jordão Toledo Leme, que chefiou a ação, disse que o enfoque da megaoperação foi no desmantelamento de quadrilhas:
- Não foi um protesto, mas uma ação para mostrar à população que a Polícia Civil está organizada, e vai assumir a responsabilidade que tem no combate à criminalidade, utilizando articulação e inteligência - afirmou o delegado, que é presidente do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia Civil do país.
O delegado do DF, porém, dissera que os policiais querem ser ouvidos na definição das políticas de segurança, na elaboração de leis e na decisão sobre investimentos para o combate à criminalidade. Segundo ele, os policiais civis não estão sendo ouvidos nem mesmo pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, Senasp, chefiada pelo delegado de Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa.
O delegado aproveitou para criticar o projeto que incluiu o crime organizado no Código Penal, aprovado esta semana na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
- Agora mesmo, a CCJ do Senado aprovou projeto sobre o crime organizado que não traz nenhum instrumento novo e nós não fomos ouvidos - disse o delegado.
A decisão de lançar a ofensiva foi tomada na última reunião do do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia Civil, em fevereiro, em São Paulo ( clique aqui e leia a reportagem no Globo Digital). Os representantes dos órgãos policiais de todo o país decidiram priorizar o cumprimento dos mandados de prisão relacionados ao homicídio pela gravidade desse tipo de ocorrência e pelo impacto que causa na sociedade.
Centenas de prisões e apreensões
Milhares de agentes saíram às ruas em todo o país para cumprir centenas de mandados de prisão temporária, administrativa e preventiva. Os policiais buscaram foragidos, prenderam criminosos em flagrante e ocuparam áreas consideradas de risco. No Espírito Santo, 60 pessoas foram presas desde o início da operação, na segunda-feira. Por falta de espaço nas cadeias, os presos foram colocados em micro-ônibus nas delegacias.
No Rio, pelo menos 12 mil homens fizeram operações em vários pontos do estado.Os policiais estiveram em várias favelas. Em Itaboraí, na região metropolitana do Rio, a Delegacia de Defesa do Consumidor fechou um estabelecimento que vendia seis toneladas de carne de porco fora da validade e sem condições sanitárias. Em outra frente, policiais da Delegacia de Repressão a Crimes contra Saúde Pública estouraram um depósito de cigarros clandestino.
No Distrito Federal, 222 policiais foram mobilizados para cumprir 451 mandados de prisão. O esforço resultou em 43 presos.
No Mato Grosso, foram presas 131 pessoas até o início da tarde. Cerca de 150 investigadores e policiais militares, além de 25 delegados, participaram da ação. Foram 39 presos no Mato Grosso do Sul, 29 na capital Campo Grande.
O Paraná registrou ao menos 29 presos, entre eles Dirceu Jacobi, de 29 anos, que estava foragido. Jacobi era procurado pela polícia depois que foi descoberto, no dia 16 deste mês, o cativeiro onde ele mantinha a ex-mulher em cárcere privado há nove meses.
Em Porto Alegre, cerca de 80 agentes se concentraram nas áreas em que ocorreram 80% dos 90 homicídios registrados na capital gaúcha neste ano. Cinco suspeitos de homicídios, sendo dois adolescentes, foram detidos. Drogas, armas e munição foram apreendidas, incluindo balas para fuzil.
Em Pernambuco, 264 policiais participaram da operação, prendendo 33 pessoas. Do total, foram 13 prisões em flagrante e outras 20 pessoas compareceram às delegacias para prestar depoimento. Catorze mandados de prisão foram cumpridos pela polícia, que apreendeu ainda cerca de quatro quilos de crack e outros quatro quilos de maconha. Vinte e dois veículos foram apreendidos e outros 1.339 foram vistoriados em todo o estado.
A polícia de Minas Gerais não participou da operação. Não houve mobilização especial e as atividades da polícia seguiram a rotina com prisões e apreensões, mas sem vínculo com as ações da operação nacional. A chefia da polícia mineira não informou os motivos da ausência, mas garantiu que existe uma troca permanente de informações entre a Polícia Civil de Minas Gerais e o Conselho Nacional dos Chefes de Polícia Civil.Da
Agência O Globo
{Costa}
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