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5 de março de 2007
Petrobras deve ampliar parcerias com banco japonês
Entre os projetos estão a produção e comercialização de biodiesel, geração de bioeletricidade a partir do bagaço de cana e obtenção de créditos de carbono
Kelly Lima
RIO - O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, assinou nesta segunda-feira, 5, na sede da empresa no Rio, memorando de entendimento com o diretor executivo do Japan Bank for International Cooperation (JBIC), Hiroshi Saito, para avaliar a possibilidade de financiamento de projetos de biocombustíveis, em desenvolvimento pela companhia em associação com empresas japonesas, no Brasil e no exterior.
Os projetos avaliados incluem a produção e a comercialização de etanol e biodiesel, bem como projetos de geração de bioeletricidade a partir do bagaço de cana-de-açúcar e oportunidades de obtenção de créditos de carbono.
"Num primeiro momento, se fala apenas da exportação de álcool. Mas temos a intenção de construir no futuro complexos energéticos, que vão produzir o etanol da cana-de-açúcar, aproveitar o bagaço para a geração de energia e também no seu processamento para aproveitamento da biocelulose que gera mais álcool, e também produzir no mesmo local o biodiesel que poderá ser utilizado pela frota e caminhões, tratores e máquinas agrícolas que vai atuar nessa produção", explicou o presidente da estatal.
Segundo informou Gabrielli, a idéia é que o banco financie principalmente a produção e logística de transporte para os cerca de 3,5 bilhões de litros de álcool que o Brasil vai exportar, via Petrobras, em 2011. Pelo menos 90% desse volume será destinado ao mercado japonês, em cumprimento ao contrato entre a estatal e a japonesa Mitsui, que criou a joint venture Nippon Alcohol Hanbai. O álcool será adicionado na proporção de 3% ao litro de gasolina.
Segundo o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Petrobras, Almir Barbassa, apenas para atingir ao volume de 3,5 bilhões exportados em 2011, deverão ser investidos cerca de US$ 5 bilhões. Este valor está incluído no total de US$ 8 bilhões que a Petrobras pretende investir em 40 plantas de produção de álcool no País.
"Todos os volumes e valores são dinâmicos porque ainda estamos avaliando uma série de projetos em outros países", considerou o presidente da estatal.
Estímulo à produção de álcool
Gabrielli afirmou que acha positiva a ação do governo americano de estimular a produção de álcool em outras partes do mundo. "O mercado de etanol ainda está começando. Para que seja um mercado consolidado, é que preciso que existam investidores, para que hajam mais produtores em diversas partes do mundo", disse.
Indagado sobre a possibilidade de a Petrobras exportar álcool para os Estados Unidos, Gabrielli descartou a hipótese: "Os Estados Unidos têm o maior mercado de produção de álcool do mundo e o maior mercado consumidor de gasolina, que é 21 vezes maior que o mercado brasileiro. Mas é praticamente impossível fazer negócio com álcool com a taxação existente hoje, que é de US$ 0,54 por galão de álcool", comentou.
A questão da taxação é apontada por Gabrielli como sendo o principal empecilho para uma negociação direta entre os dois países para viabilizar a comercialização. "Ainda não sei da agenda do presidente (George) Busch - Qu estará no Brasil esta semana - para saber se terei oportunidade de estar com ele frente a frente para apontar essa questão relativa ao etanol", comentou.
Previsão de exportações
O diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que a previsão de exportação de álcool por meio da empresa este ano é de 850 milhões de litros, ante cerca de 600 milhões de litros no ano passado. Venezuela e Nigéria devem ser novamente, a exemplo do ano passado, os destinos do álcool exportado. A capacidade da Petrobras hoje é para a exportação de até 1 bilhão de litros.
Segundo ele, todos os contratos para exportação do combustível estão sendo negociados no mercado spot, mas a Petrobras está tentando firmar contratos a longo prazo, a exemplo do que tem com a Mitsui, no Japão, para exportar 3 bilhões de litros por um período de 20 anos, a partir de 2011. No ano passado, a estatal esteve "próxima" de fechar negociação de médio prazo com a Venezuela, mas o acordo não foi adiante.
O diretor afirmou ainda que os contratos de venda do álcool são os primeiros passos da estatal neste mercado mundial. "Somente com esses contratos em mão é que fecharemos negócios e concluiremos os estudos sobre de que forma que entraremos na produção e ainda levaremos adiante os projetos de alcoolduto, principalmente o que vai ligar Goiás ao Estado de São Paulo, permitindo a exportação do volume de combustível na região Centro-Oeste do País, uma das mais promissoras na construção de novas unidades produtivas", disse Costa.
"Queremos ter a certeza de garantir o abastecimento do álcool que vamos vender. Não há a menor hipótese de o comprador do mercado internacional ter álcool num dia e não ter no dia seguinte."
Ainda segundo o diretor, a Petrobras estuda a possibilidade de comprar navios próprios para o transporte do álcool. "Isso está em estudo. Por enquanto ainda estamos utilizando navios próprios", disse.
{ Costa }
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