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27 de março de 2007

PF fará greve de 24 horas, mas manterá serviços básicos

Policiais reivindicam reajuste salarial de 30%. Eles irão respeitar os apelos do ministro da Justiça, Tarso Genro, e não farão operação tartaruga nos aeroportos
Vannildo Mendes
BRASÍLIA - Policiais federais de todos os estados vão paralisar suas atividades na terça-feira por 24 horas, em defesa de um reajuste de 30%, devido o acordo salarial assinado no ano passado e pela implantação da Lei Orgânica da categoria.
Em atenção a um apelo do ministro da Justiça, Tarso Genro, os federais voltaram atrás na operação tartaruga que fariam nos aeroportos e manterão plantões em todas as superintendências, delegacias e postos, a fim de fazer atendimentos de emergências e não paralisar nenhum serviço básico à população.
O recuo, segundo o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Marcos Vinício Wink, é um voto de confiança em Tarso, que a seu ver demonstrou compromisso com as reivindicações da categoria em visita feita na segunda aos seus líderes, na sede da entidade.
"Não queremos causar transtornos à sociedade, nem passar para o governo a leitura de provocação". Segundo o dirigente, a PF vive um bom momento junto à sociedade "e não vai destruir agora o que se construiu em anos com suor e sangue".
Tarso recebeu com satisfação a ponderação dos manifestantes e disse que o pleito está sendo analisado pelo Ministério do Planejamento com o grau de importância que a situação requer.
"Nenhuma das demandas é provocativa ou tem sentido de antagonismo com o governo. São demandas normais, que vamos processar para tentar chegar a um ponto comum", disse ele, à saída da abertura do Fórum Nacional de Inserção Feminina nas Instituições Policiais, na segunda, no Ministério da Justiça.
O ministro disse esperar, porém, que a manifestação ocorra dentro da lei e do estado de direito. "O ponto de partida da democracia é o ponto de interesse da corporação, mas não é o ponto de chegada", disse. Para ele, "o ponto de chegada é o interesse da sociedade e do conjunto dos servidores", lembrou.
Paralisação simbólica
Ao longo do dia foram realizadas assembléias em todos os Estados, reunindo representantes dos sindicatos e associações dos segmentos que integram a carreira - delegados, agentes, escrivães e papiloscopistas. Alguns Estados, como São Paulo, resolveram radicalizar e ainda insistem na operação tartaruga nos aeroportos, mas em outros, como Rio, os manifestantes farão um ato quase simbólico e poucos serviços serão afetados.
Nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Ceará, as assembléias também decidiram paralisar todos os serviços, inclusive emissão de passaportes. Mas os casos de emergência serão atendidos pelo esquema de plantões. "Evidente que se chega alguém do interior para pegar ou emitir um passaporte, não deixaremos de atendê-lo", disse Wink. Já no Maranhão, a categoria aproveitará o dia de mobilização para recolher alimentos não perecíveis, que serão doados a comunidades carentes.
Os policiais federais de Alagoas serão os únicos no País a não participarem da greve de 24 horas, segundo o presidente do Sindicato dos Policias Federais de Alagoas (Sinpofal), Jorge Venerando. Segundo ele, Alagoas decidiu ficar de fora da manifestação nacional em protesto contra o processo de demissão do escrivão Francisco Eriberto Pinheiro, que trabalha na superintendência da PF em Maceió.
Além do cumprimento do acordo, a categoria luta também por sua lei orgânica, com a qual espera reduzir a diferença de remuneração com os servidores dos outros órgãos do sistema criminal da União.
Atualmente, os salários de um delegado variam de R$ 9 mil (inicial) a R$ 16 mil, em fim de carreira. Eles reclamam que procuradores e juízes, com os quais já foram equiparados, começam com R$ 14 mil e podem chegar a R$ 22 mil.
O que pára:
- Emissão de passaportes (exceção de Brasília e Rio);
- Serviços de investigação;
- Mandados de prisão;
- Autorizações para empresas de segurança privada;
- Setores burocráticos;
- Perícias não urgentes
O que funciona:
- Plantões em todas as instalações da PF para atendimentos de emergência;
- Registro de estrangeiros;
- Autorizações de embarque e desembarque em vôos internacionais;
- Custódia de presos;
- Proteção patrimonial e de equipamentos e materiais que dependem de manutenção.
(Com Ricardo Rodrigues)
{Costa}

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