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31 de março de 2007

Governo cede e controladores de vôo encerram greve

Segundo advogado da categoria, governo prometeu desmilitarização da atividade AE BRASÍLIA - Após quase cinco horas de paralisação do tráfego aéreo brasileiro e de caos nos aeroportos, o governo cedeu às reivindicações dos controladores de vôo e fechou com a categoria um acordo que prevê a gradual desmilitarização da atividade. A informação foi dada no fim da noite desta sexta-feira pelo advogado Normando Augusto Cavalcante Junior, que defende os trabalhadores. Entretanto, nenhum representante do governo havia se pronunciado sobre o resultado da reunião até às 0h30. Diante da promessa, os controladores se comprometeram a restabelecer a normalidade nos aeroportos a partir da manhã de hoje. “Depois de um dia tenso, com ameaças e arbitrariedades, o governo acabou recuando”, disse o advogado, na saída da reunião de emergência entre representantes da categoria e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Segundo Cavalcante Junior, o acerto prevê a criação de um plano de carreira para a categoria com o pagamento de gratificação cujo valor não foi divulgado, mas que será depositada já nos próximos dias. As negociações ocorreram na sede do Cindacta-1, em Brasília, onde estavam aquartelados cerca de 120 controladores. O ministro preferiu evitar os jornalistas que esperavam o desfecho da conversa na porta do Cindacta-1 - e também dezenas de parentes dos militares, que levavam roupas e alimentos para os controladores que ainda permaneciam aquartelados. A decisão de abrir negociação com a categoria e barrar a prisão de 18 sargentos insubordinados foi tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voava para Washington. À noite, assim que chegou à capital dos Estados Unidos, onde irá se encontrar com o presidente George W. Bush, Lula telefonou para o vice-presidente, José Alencar, e para e os ministros da Defesa, Waldir Pires, e do Planejamento, Paulo Bernardo. Recomendou que fizessem de tudo para reverter a crise provocada pela paralisação dos controladores de vôo e os lembrou de que o funcionamento do setor aéreo é “uma questão de segurança nacional”. Mesmo que os controladores voltem ao trabalho, ainda na madrugada deste sábado, os problemas nos aeroportos do país continuarão por alguns dias. Não há um balanço exato da demora para que estes vôos sejam restabelecidos porque a situação é considerada inédita para todos. A estimativa é de que, desde às 18h45 de sexta-feira, quando foi deflagrada a greve dos controladores, cerca de mil vôos foram suspensos em todo o país. O Cindacta 1 responde por 80% do tráfego aéreo do país. Enquanto a negociação estava acontecendo entre o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e um grupo de rebelados, algumas lideranças dos controladores já preparavam um plano para restabelecer os vôos, o mais rápido possível. Eles informaram que alguns colegas foram dispensados da mobilização para ficarem descansando e estarem prontos para poderem retomar o serviço, tão logo houvesse um acordo. "Vamos fazer uma força tarefa, trabalhando com três consoles (radares), com dois controladores em cada mesa, de forma que consigamos apressar a normalidade", informou um sargento-controlador. A greve dos controladores estourou seis meses de queda-de-braço com a Aeronáutica, desde o choque entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, em 29 de setembro. No início da noite desta sexta-feira, os controladores militares se amotinaram e paralisaram 49 dos 67 aeroportos comerciais do País. O movimento começou às 18h50. Só aviões que já estavam no ar foram autorizados a pousar. Nenhuma decolagem era permitida. Cerca de mil vôos haviam sido cancelados. Chefes militares chegaram a pedir a prisão dos amotinados. A rebelião havia começado ao meio-dia, quando sargentos divulgaram manifesto anunciando greve de fome. Disseram que já não acreditam em seus comandantes e se auto-aquartelaram em vários pontos do País. {Costa}

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