Resultados de Pesquisa

.

15 de março de 2007

Impeachment: Collor diz que não teve defesa

Senador continua discursando em plenário. Collor dá a sua versão sobre o impeachment que sofreu quando era presidente.
Leandro Colon
Do G1, em Brasília
entre em contato Em seu primeiro discurso como senador, o ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) afirmou ter sido injustiçado na época de seu impeachment em 1992, criticou os procedimentos da CPI que resultou no seu afastamento da presidência da República e admitiu que não conseguiu formar um governo de coalizão para sua sustentação.
Num discurso longo e detalhista que já dura uma hora, Collor alegou que não teve direito de defesa na época em que foi afastado do Palácio do Planalto, em 1992. "Não foram poucas as versões, mais variadas ainda as interpretações e não menos generalizadas as explicações", disse. "A crônica do processo contra mim intentado foi, como provarei, uma litania de abusos e preconceitos, uma sucessão de ultrajes e um acúmulo de violações das mais comezinhas normas legais, uma sucessão, enfim, de afrontas ao Estado de direito democrático", afirmou.
Collor questionou o trabalho da CPI naquele período, que resultou com o pedido de seu impeachment no Congresso. "Se havia atos por mim praticados que, mesmo em tese, pudessem caracterizar crimes de responsabilidade ou crimes funcionais, por que não apontá-los, por que não indicá-los e porque não levá-los ao Ministério Público, titular da ação penal? Esta demonstração patente de imprudência, contudo, foi apenas o começo da série interminável de excessos cometidos ao arrepio da lei, à margem do Direito e contra a letra e o espírito da Constituição".
O agora senador ainda atacou o ex-presidente da Câmara naquela época e hoje deputado Íbsen Pinheiro (PMDB-RS) por ter levado adiante o processo de impeachment. Collor argumentou que 28 pedidos iguais foram feitos no governo FHC e 26 no primeiro mandato do governo Lula, mas nenhum prosperou.
"Porque até hoje, mais de 60 anos depois da Constituição de 1946, apenas contra meu governo se deu curso a essa espúria representação? Trata-se de um patético documento, aceito sem qualquer discussão, sem qualquer ponderação, sem qualquer cautela, sem qualquer isenção e com total ausência de equilíbrio e serenidade", afirmou.
Collor contou ainda que chegou a convidar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o atual governador de São Paulo, José Serra, para participarem de seu governo. "Propus um entendimento com o PSDB através do seu presidente, senador Franco Montoro, convidando para as duas áreas vitais de qualquer governo, a da Fazenda o então deputado José Serra e para a das Relações Exteriores o senador Fernando Henrique Cardoso", disse. "Não por falta de iniciativa e de empenho de minha parte, mas pelo fato de o acordo, depois de fechado e sacramentado, ter sido rompido de forma abrupta por exigência de um de seus próceres".
Pelo menos 65 dos 81 senadores registraram presença durante o discurso de Collor. No local, estão alguns de seus aliados na época em que presidiu o país, entre eles o senador Marco Maciel (PFL-PE) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Renan, aliás, foi o responsável pelo atraso de duas horas para o começo do discurso de Collor. É que Collor quis esperar a chegada ao plenário do presidente do Senado. Renan estava em Maceió e pegou um vôo apenas para acompanhar o discurso.
{Costa}

Nenhum comentário: