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8 de março de 2007
Visita de Bush não afeta relação Brasil-Venezuela
A visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, deverá custar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a linha de frente nos conflitos entre os EUA e a Venezuela do presidente Hugo Chávez. Bush desembarca na noite desta quarta-feira em São Paulo na condição de líder que tenta romper o isolamento no plano internacional e conter a expansão da revolução bolivariana de Chávez por meio de acenos de “generosidade” à América Latina - mesma região que relegava nos últimos seis anos.
Adiantando-se a esse cenário, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, declarou ontem que o Brasil “não tem relações excludentes”.
“A posição do presidente Bush é a dele. A posição do Brasil é a de manter relações com os Estados Unidos e demais países do continente americano, como a Venezuela, a Argentina e o Uruguai”, afirmou Dilma, ao referir-se à entrevista de Bush ao Grupo Estado e outros de quatro veículos de comunicação latino-americanos, na qual ele afirma que o modelo estatizante da Venezuela levará ao aumento da pobreza no continente. “A relação do Brasil com os Estados Unidos é a melhor possível”, completou.
Apesar da situação delicada de Bush, a Casa Branca soube valer-se da assinatura do acordo bilateral na área de biocombustíveis e dos investimentos que seguirão ao Brasil como moeda de troca nas suas pretensões na América Latina. O terceiro encontro formal entre Bush e Lula será marcado, portanto, por uma pragmática barganha.
O Palácio do Planalto alimenta a expectativa de ver as corporações americanas despejarem bilhões de dólares em investimentos na tecnologia e na produção de etanol no Brasil, nos próximos anos, bem como em obras de infra-estrutura e do setor energético listadas no Programa de Aceleração da Economia (PAC). Também se aproveita da passagem de Bush para refutar a existência de um viés antiamericano no governo Lula e para lançar uma fase de relações “renovadas” e “íntimas” entre Brasil e Estados Unidos, como defendeu o chanceler Celso Amorim.
Assessores de Lula indicaram hoje que essas chances não serão perdidas. Mas ressaltaram que não há interesse nenhum de ver a Venezuela incluída na conversa entre Lula e Bush, amanhã. A inclusão desse tema, completaram, seria constrangedora para o Brasil e limitaria a capacidade de o País atuar como força estabilizadora da América do Sul. Até o momento a receita de Lula para tourear Chávez envolvia paciência, sugestões cautelosas e raras broncas. No entanto, mesmo que essa fórmula seja preservada, dificilmente, Chávez verá Lula da mesma forma depois da passagem de Bush pelo Brasil e da visita do presidente brasileiro a Camp David, no dia 31.
No encontro privado de sexta-feira, Lula enfatizará que, graças ao etanol, pela primeira vez, um líder americano vem especialmente ao Brasil com a proposta de selar uma “aliança real” e uma “verdadeira parceria” entre os dois países. O documento que será assinado sexta-feira abrirá, formalmente, o leque jurídico para a parceria no desenvolvimento da tecnologia do etanol de celulose e a ação conjunta em potenciais mercados produtores na América Latina. O estágio embrionário dessa parceria, contudo, vai requerer de Lula e da delegação certa cautela ao tratar da necessária abertura do mercado americano de etanol, para evitar o aborto do projeto por Washington.
Quarta-feira, Dilma deixou clara a preocupação brasileira com o protecionismo americano e defendeu uma “política igualitária”. “Não é possível o Brasil não defender o direito de vender (aos Estados Unidos) o etanol nacional, que é mais competitivo”. (Agência Estado)
[ Redação Cruzeiro do Sul ]
{ Costa }
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