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25 de junho de 2007

Conferência sobre Darfur fixa plano actuação e ameaça Cartum

A conferência ministerial hoje realizada na capital francesa sobre a crise em Darfur, oeste do Sudão, aprovou um plano de actuação para os próximos meses e ameaçou com sanções as autoridades de Cartum.
O plano de acção visa sobretudo pressionar o executivo sudanês e os movimentos guerrilheiros responsáveis pela situação em Darfur.
Um total de 18 governos, na maioria ocidentais, bem como seis organizações não-governamentais lançaram uma mensagem de esperança para que seja dada rapidamente uma solução à crise no oeste sudanês, saldada até à data em 200.000 mortos e 2,5 milhões de refugiados.
«Há uma pequena luz no fundo do túnel», declarou aos jornalistas o chefe da diplomacia de Paris, Bernard Kouchner, embora sublinhando que ainda há muito por fazer.
Por ora, a comunidade internacional está apostada em pressionar intensamente o executivo do presidente sudanês Omar el-Beshir e os 19 grupos rebeldes que têm contribuído para uma das maiores crises humanitárias das últimas décadas no mundo, a de Darfur.
A conferência de Paris expressou apoio à União Africana (UA) e às Nações Unidas (ONU), cujos enviados especiais a Darfur, respectivamente Salim Ahmed Salim e Jan Eliasson, elaboraram recentemente um Roteiro de Paz.
O objectivo é o de, no fim do Verão, haver negociações entre o executivo sudanês e os rebeldes, criando condições para a entrada no terreno de uma força mista UA/ONU, finalmente aceite - após muitas reticências - por El-Beshir.
Esta força será basicamente africana, mas deixará a porta aberta a apoio ocidental, logístico, de equipamento e homens.
O chefe das operações de manutenção de paz da ONU, Jean-Marie Guéhenno, frisou a necessidade de que esta força tenha «capacidade e muita mobilidade» para actuar no terreno com apoio aéreo de helicópteros.
A força em causa, tendo com base os actuais 7.000 efectivos da UA, seria incrementada até 19.000 e poderia ser uma realidade no início de 2008, data avançada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, segundo o qual o maior desafio pela frente é, agora, o do financiamento da missão.
Os pagamentos estão incumbidos aos países ocidentais e compreenderão não apenas a vertente militar, mas a da reconstrução das infra-estruturas, visando o regresso dos refugiados aos lugares de origem.
O chefe da diplomacia do Quai d´Orsay revelou o interesse de vários países europeus em contribuírem com ajuda humanitária e fornecerem polícias para dar segurança aos refugiados. Condoleezza Rice, chefe da diplomacia dos Estados Unidos, o maior doador para o Darfur, com 2.000 milhões de dólares (quase 1.500 milhões de euros), insistiu em que as autoridades de Cartum - já alvo de sanções de Washington - revejam a sua posição.
Rice frisou que se El-Beshir não cumprir serão reforçadas as sanções e insistiu na concessão de «garantias políticas» para animar Cartum e os rebeldes a chegarem a entendimento.
Kouchner anunciou que haverá uma nova conferência sobre Darfur em Setembro, com o grupo de contacto alargado, à margem da Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque.
Por seu turno, Frank-Walter Steinmeier, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, com a presidência da União Europeia (UE) até ao fim do mês, indicou que o seu país não fornecerá mais de duas centenas de homens para o transporte dos militares da UA, com um custo suplementar de 20 milhões de euros.
Diário Digital / Lusa

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