Resultados de Pesquisa

.

24 de junho de 2007

Portenhos vão às urnas e votam contra Kirchner

Mundo
Ariel PalaciosAgência Estado
Maurício Macri tornou-se o virtual novo líder da oposição ao governo do presidente Néstor Kirchner, ao vencer as eleições para chefe de governo da cidade de Buenos Aires, centro financeiro, político, sindical e cultural do país. Macri, líder do Compromisso para a Mudança (CpC), partido que integra a coalizão de centro-direita Proposta Republicana (PRO), obteve, segundo as primeiras bocas-de-urna, 61% dos votos. O derrotado foi o candidato de Kirchner, o ministro da Educação, Daniel Filmus, do Frente pela Vitória, facção do Partido Peronista, que teria conseguido 39% dos votos válidos. No entanto, possivelmente insatisfeitos com ambos candidatos, abstiveram-se de votar 30% dos eleitores portenhos, um recorde histórico na politizada Buenos Aires.
A vitória de Macri constitui a primeira esperança para a oposição, que desde a posse de Kirchner, em 2003, estava desarticulada e sem autoconfiança.
Nas fileiras da oposição considera-se que a eleição portenha foi o calcanhar-de-Aquiles de Kirchner, o que mostra que o governo é vulnerável. Segundo o analista político Rosendo Fraga, o mito da invencibilidade de Kirchner foi quebrado. Mas, Fraga duvida que a oposição possa derrotar o governo nas urnas nas eleições presidenciais de outubro.
No entanto, a vitória de Macri, afirmam os analistas, dificilmente poderia ter o efeito de gerar uma grande coalizão opositora. Essa "fantasia de uma frente comum", segundo o sociólogo Heriberto Muraro, "não prosperará", já que a oposição não conseguirá resolver o problema de lideranças que possui, além de suas tradições políticas radicalmente diferentes.
Presidente do time Boca Juniors e filho do empresário Franco Macri, o eleito prefeito portenho comanda uma coalizão que atualmente conta com pouca estrutura fora da capital do país. No entanto, mostrou jogo de cintura de marketing político e que pode ser uma alternativa de poder a Kirchner.
Macri desmente que aspire ser candidato presidencial daqui a poucos meses, apesar do desejo de vários setores da oposição. O cenário mais provável é que ele forneça seu respaldo a um dos líderes da centro-direita. O ex-ministro da Economia e da Defesa Ricardo López Murphy, líder do partido Recrear, que integra a
coalizão PRO,

espera que Macri declare seu respaldo à sua candidatura presidencial.
Buenos Aires é um distrito de características rebeldes. Ao longo de sua história, com raras exceções, votou contra o presidente de plantão. O Partido Peronista, e próprio Kirchner, desde sua posse, foram pessoas non grata na capital do país. Nas eleições parlamentares de 2005, Kirchner não conseguiu mais de 20% dos votos portenhos.
Desta forma, a obtenção de cerca de 39% por Filmus está sendo encarado como uma "vitória" por Kirchner, já que ultrapassa todos os níveis conseguidos pelo Peronismo nos últimos 25 anos.
Apesar da derrota em Buenos Aires, Kirchner controla com mão de ferro outros distritos eleitorais no resto da Argentina. Os analistas afirmam que nas próximas semanas ele anunciará sua eventual candidatura à reeleição. Caso ele não se apresente, a candidata do governo seria sua esposa, a senadora Cristina
Fernández de Kirchner. Segundo as pesquisas, o presidente e sua esposa contam com mais de 50% de imagem positiva em todo o país. As pesquisas também indicam que se fossem realizadas eleições presidenciais hoje, qualquer dos dois Kirchner venceria.
Kirchner corria o risco de sofrer mais uma derrota hoje, desta vez da centro-esquerda, na província de Tierra del Fuego. Seu candidato, o governador Hugo Cóccaro, segundo as primeiras bocas-de-urna, perdia por uma pequena margem de votos para Maria Ríos, candidata do centro-esquerdista
Argentinos por uma República Igualitária (ARI).

Nenhum comentário: