Agencia Estado
Mesmo com a abertura de processo disciplinar contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Jefferson Péres (PDT-AM), voltou a cobrar hoje que o peemedebista deixe o comando da Casa até que seja concluída a investigação sobre possível quebra de decoro por parte de Renan. O presidente do Senado é acusado de utilizar o lobista Claudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, para fazer pagamento de pensão à jornalista Monica Veloso, com quem tem uma filha. "Reitero agora o que manifestei desde o início do affair: acho que seria melhor que ele tivesse se afastado temporariamente da presidência", afirmou Péres. O pedetista argumentou que, mais do que nunca, o Senado precisa de transparência e de mostrar à sociedade que está em busca da verdade.
"Ser réu em um processo disciplinar é uma situação constrangedora para ele próprio, que a partir de agora tem cinco dias úteis para apresentar sua defesa", afirmou. "O Renan, no entanto, acha que não", lamentou. Apesar da manifestação, Renan avisou hoje mesmo que não tem nenhuma intenção de deixar o posto. Ele avisou que continua a presidir o Senado. "Estou absolutamente tranqüilo porque estou com a verdade e quem está com a verdade não teme nada. Estou à disposição do Senado e continuarei representando o Senado. Ao final, a verdade vai prevalecer", afirmou.
Antes defensores da licença de Renan da presidência do Senado, os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e José Nery (PSOL-PA), afirmaram que com a abertura do processo contra o peemedebista no Conselho de Ética não há razão para afastamento neste momento. "Defendi o afastamento antes porque havia o temor de que Renan pudesse influenciar para que não fosse aberto o processo no Conselho de Ética. Agora, uma vez instalado o procedimento, e tendo até relator já escolhido, não há necessidade", disse Simon. O relator do processo contra Renan será o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA). Ele se elegeu na chapa da senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) quando ela disputou, no ano passado, o governo do Maranhão. Cafeteira é aliado de Renan.
Na mesma linha de Simon, Nery disse que, embora seu partido, o PSOL, tenha defendido o afastamento de Renan do comando da Casa, não considera condição a ausência do peemedebista da presidência neste momento. "A posição do partido foi essa mas a minha, particularmente, nunca foi pelo afastamento dele. Penso que a decisão de se afastar é de foro íntimo e que deve ser tomada apenas se Renan não se sentir confortável no posto até a conclusão do processo", disse Nery.
Para o senador do PSOL, o importante agora é que o conselho trabalhe e que as regras regimentais sejam cumpridas. "Estaremos todos vigilantes", disse. Hoje, Renan voltou a dizer que utilizava Cláudio Gontijo apenas como intermediário para fazer repasses à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de três anos. E negou que tenha usado recursos de terceiros, inclusive da construtora Mendes Júnior.
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