Resultados de Pesquisa

.

13 de junho de 2007

Israel: Peres promete ser presidente de todos sem distinção

Shimon Peres, eleito hoje chefe do Estado de Israel, prometeu que será o presidente de todos os israelitas, sem distinção de origem, credo ou filiação política, e definiu como principal objectivo «unir a sociedade».
«A partir deste momento serei o representante de todos, sem qualquer diferença», disse Peres hoje numa cerimónia no Parlamento, após a votação no plenário que o escolheu como o nono presidente de Israel.
Declarando-se um eterno «optimista», Peres acrescentou que «o que Israel fez em 60 anos nenhum outro país fez, nem nenhum outro povo» e salientou que nunca perdeu a esperança de resolver todos os desafios que o país tem pela frente, embora sem os mencionar.
«Espero poder defender esta esperança, pois eu nunca a perdi (...). Acho que todos juntos poderemos levar Israel a superar os desafios (...), e por ´todos` refiro-me a judeus e árabes, à esquerda e à direita, a drusos, a circassianos e todas às restantes minorias», acrescentou Peres, que compareceu na cerimónia vestido com um tradicional solidéu judeu branco. Shimon Peres obteve 86 votos a favor, 23 contra, 8 abstenções e dois votos nulos.
O político, de 83 anos, obteve a vitória na segunda volta, depois da desistência dos seus dois adversários, Reuven Rivlin (Likud) e Colette Avital (Trabalhistas). Na primeira volta obteve apenas 58 dos 61 votos necessários para ser eleito presidente.
Com a vitória, Peres rompe o ciclo de nunca ter vencido qualquer eleição - perdeu quatro dos cinco escrutínios em que participou como líder trabalhista, entre 1977 e 1996, e empatou no quinto - e coroa uma das carreiras políticas mais brilhantes na história do país. O recém-eleito chefe do Estado foi três vezes primeiro-ministro - duas por substituição e uma, em 1984, por alternância num Governo de união nacional com o Likud -, ministro dos Negócios Estrangeiros, Finanças e teve ainda outras pastas.
«Não vejo a Presidência como uma continuação de outras funções que cumpri» no passado, disse Peres, para assegurar que não se intrometerá em questões políticas, acrescentando que dedicará os esforços para «unir a sociedade».
Entre as grandes contribuições de Peres estão o facto de ter conseguido reduzir uma hiper-inflação de mais de 400% nos anos de 1980 e as negociações dos Acordos de Oslo em 1993 com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), o que fez com que vencesse o Prémio Nobel da Paz juntamente com Yitzhak Rabin e Yasser Arafat um ano depois.
O presidente israelita também é considerado o arquitecto do poderio militar convencional e atómico de Israel, que construiu graças às suas excepcionais relações pessoais com França nos anos de 1950 e 1960.
A presidente do Parlamento, Dalia Itzik, afirmou que a vitória põe fim a 48 anos de presença ininterrupta no Parlamento, onde Peres representou partidos como Mapai e Rafi, os Trabalhistas e, desde 2005, o Kadima.
«Dalia depôs-me hoje do Parlamento», gracejou o presidente eleito, que substituirá Moshé Katsav, que, em 2000, o venceu na corridas à Presidência.
Katsav demitiu-se das funções em Janeiro deste ano na sequência de uma grave acusação de crimes sexuais apresentada contra si, semanas antes de expirar o respectivo mandato.
Entretanto, o primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, líder do Kadima, afirmou hoje «que o povo de Israel desejava esta escolha».
«Queria expressar com ela seu mais profundo agradecimento a uma trajectória das mais exclusivas, a de um homem que esteve sempre à frente da construção (nacional), da luta e da actividade que definiram o rumo do Estado de Israel», disse Olmert.
Nascido em 1923 em Vishneva - então Polónia, e actualmente Bielorrúsia -, Peres começou a carreira política nos anos de 1940 sob o patrocínio do fundador de Israel, David Ben Gurion, a quem designava por «mestre».
O presidente mencionou ainda outros dois primeiros-ministros, a quem disse sentir-se especialmente ligado, Yitzhak Rabin e Ariel Sharon, rivais políticos com quem trabalhou estreitamente nos momentos cruciais da história de Israel.

Nenhum comentário: