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4 de junho de 2007

Subserviências ao serviço dos interesses dominantes

Algum jornalismo apresenta informação manipulada para beneficiar directa ou indirectamente a hegemonia de alguns
António Gramsci, da escola marxista, defendia a teoria de que a sociedade estava sujeita “a ideologias dominantes, veiculadas por intermédio dos mass media”. Do meu ponto de vista, a comunicação social (ou os que a controlam) procura, muitas vezes, modelar a consciência das diversas classes, sendo que os iletrados acabam por estar mais vulneráveis. Na Alemanha, sob o regime Nazi, Hitler utilizava os Media para deturpar os acontecimentos. Ele chegou ao cúmulo de encomendar o filme O Homem da Máquina de Filmar que, supostamente, deveria reproduzir um dia na Alemanha de então. Resultado: quem viu o filme ficou com a ideia de que aquilo era uma maravilha e que lá por terem punido um judeu ou outro, não vinha daí o mal ao Mundo.
Arménio Carvalho dos Santos
Provavelmente o leitor estará a perguntar-se: “Então queres trabalhar numa actividade dos Media e só apontas o que está mal”. Não há qualquer incongruência nisso. Pontos positivos nos media há muitos, do qual se destaca o seu carácter pedagógico e de construção intelectual. Mas as correntes de opinião sobre a matéria são suficientes. O que há pouco é quem vocifere contra os feudos que se criaram.
Suponho que o Jornalismo, tal como as outras actividades englobadas nos mass media veicula, muitas vezes, informação manipulada para beneficiar directa ou indirectamente a hegemonia de alguns.
As subserviências acabam por ser os fios condutores das tais “ideologias dominantes” de que Gramsci falava.
Contudo, ainda há, amiúde entre muita manipulação e quiçá censura, o tal “sentimento de denunciação” de que fala Pierre Bourdieu. Falo da função dos media que contempla a pureza de “apontar o dedo”, imparcialmente, ao político que não cumpre as promessas ou ao jurista que usou de tráfico de influências.
Esse é o tipo de ideologias que não deve ser manipulada, mas que também não atinge a catarse pública das perspectivas dos superiores. Não sou um fatalista, no que concerne à comunicação social! Não sou, até porque se o fosse não me adiantaria tecer críticas ou, sequer, debruçar-me sobre os temas aqui tratados.
O que eu defendo é que, apesar da conjuntura do universo dos Media não ser a melhor, o primeiro passo a dar é termos a capacidade de identificar os problemas e os erros. Para além disso, sou demasiado apaixonado pela matéria para me deixar imbuir nos seus “tendões de Aquiles”.
Não digo que no Futuro serei exemplar. Procurarei, isso sim, ser o mais correcto, comigo e com os outros, nas atitudes que tomar.
Há um provérbio que diz “Quem aos vinte não é de esquerda não tem coração; Quem aos quarenta não é de direita não tem cabeça”. Isto significa, sobretudo a nossa necessidade de pertencer a algo, de entrar no campo do normal, do estereótipo.
Assim, espero que daqui a uns vinte anos, quando eu me deixar levar pela censura económica, haja um jovem aspirante a jornalista que me lembre o que escrevi em linhas anteriores.

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