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17 de junho de 2007

Pesadelo palestino e israelense

Direto do Oriente Médio Herbert Moraes Jr. Pesadelo palestino e israelense Não só o partido do presidente Mahmoud Abbas, o Fatah, sai perdendo com a vitória militar do Hamas, mas principalmente Israel, que terá um inimigo forte e aguerrido no seu quintal HERBERT MORAES é correpondente da TV Record em Israel. O Fatah entrou em colapso. Foi derrotado e humilhado na Faixa de Gaza. Já não existe mais, pelo menos naquele pedaço de terra perdido entre as fronteiras de Israel e o Egito. O conflito político entre as facções Hamas e Fatah foi transformado numa guerrilha de clãs. Uma guerra entre irmãos, que o povo árabe abomina e é considerada por eles um Haram ou um grande pecado. A guerra interna está deixando marcas entre os dois grupos, que jamais serão cicatrizadas, e, ao que tudo indica, a Faixa de Gaza caminha para a total anarquia. Os palestinos estão destruindo o futuro com suas próprias mãos. No meio do caos, o grupo político armado anunciou, na quinta-feira, 14, a tomada completa de Gaza e a criação de um novo Estado islâmico: o Hamastão, que nasce sobre as ruínas da entidade palestina. Nos próximos dias, posições estratégicas do Fatah no território também deverão ser tomadas, e militantes assassinados a sangue frio em frente as suas famílias. Não há limites naquela região, e está mais do que claro que para o Hamas que este é um caminho sem volta, e pelo visto não há quem possa interromper isso. Os Estados unidos e Israel podem até querer ou pelo menos achar que o presidente Mahmoud Abbas e seu governo, do Fatah, possam ainda ser salvos e protegidos, mas, ao que parece, já é um caso perdido. A liderança do presidente palestino está se desfazendo como a areia do deserto, além do que, Abbas está calado e é incapaz de comandar uma ação. Foi achatado pela nova realidade. Vive no passado, ignora o presente e não consegue planejar o futuro. Sómente depois de seis dias de conflitos, dezenas de mortes e a expulsão de Gaza é que o presidente acordou e determinou que a guarda presidencial entrasse no território, mas já era tarde demais. Gaza agora pertence ao Hamas. Um dos resultados estratégicos da vitória do Hamas é a formação de duas zonas palestinas divididas, cada uma com sua própria realidade e liderança. O pesadelo palestino foi criado sob os seus próprios olhos: a separação entre Gaza e a Cisjordânia. Dois Estados para um mesmo povo. O Hamas tem um forte apoio dos palestinos, principalmente das camadas mais pobres, entre as quais a facção atua com ajuda humanitária e assistência médica Péssimo para Israel — A situação não é favorável também para Israel; na verdade, é péssima. O sangue derramado na Faixa de Gaza não ajuda nem um pouco os israelenses. O país falhou e deixou passar em branco a nova realidade que se iniciou em Gaza depois das eleições do ano passado, quando a facção transformada em partido venceu nas urnas o Fatah. Israel não fez absolutamente nada, com exceção do embargo econômico ao povo palestino. Os encontros entre o primeiro-ministro Ehud Olmert e o presidente Mahmoud Abbas foram inúteis e humilhantes. Faltou ação na fronteira com o território palestino que o Hamas sabiamente conseguiu preencher com milhares de foguetes Kassam, que continuam a cair no deserto do Negev, especialmente em Sderot, há cinco quilômetros de Gaza. O que vem agora é uma realidade ainda pior: um Hamas ditando regras numa região que Israel não pode impedir e também não poderá ignorar, principalmente porque 1 milhão e 500 mil palestinos dependem de Israel para sobreviver. A água, a energia e até os suprimentos que chegam até lá passam ou são servidos pelo Estado judaico. Israel, mesmo que queira, não pode, a essa altura, se desvincular de Gaza. Mas certamente também não quer voltar (o território foi devolvido aos palestinos em setembro de 2005). Uma solução temporária deve vir na forma de forças internacionais, compostas primeiramente pela liga dos países árabes, mas certamente os problemas com aquele pedacinho de terra ao Sul de Israel se tornaram muito mais complexos na semana que passou, e o pesadelo israelense e palestino está apenas começando.

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