Por Simon Johnson e Jerker Hellstrom
ESTOCOLMO (Reuters) - Os pioneiros nas pesquisas sobre a manipulação genética de ratos para o estudo de doenças humanas ganharam o Prêmio Nobel de Medicina de 2007, disse o Instituto Karolinska, da Suécia, na segunda-feira.
O prestigioso prêmio de 10 milhões de coroas suecas (1,54 milhão de dólares) será dividido entre Mario Capecchi, Martin Evans e Oliver Smithies, por sua contribuição na descoberta "do papel de numerosos genes no desenvolvimento embrionário, na fisiologia adulta, no envelhecimento e nas doenças".
Em 2001, o trio havia ganhado o Prêmio Albert Lasker para a Pesquisa Médica Básica, considerado a versão norte-americana do Nobel.
Capecchi nasceu na Itália e tem cidadania norte-americana. Evans e Smithies nasceram na Grã-Bretanha -- o primeiro é cavaleiro do reino, e o segundo também adotou a cidadania dos Estados Unidos.
"É certamente algo que todo mundo adoraria ouvir e é uma notícia maravilhosa tanto a respeito do nosso laboratório quanto para nossa universidade", disse Capecchi à Reuters.
"O que desenvolvemos foi uma forma de modificar genes em ratos, o que nos permite modelar doenças humanas, estudar sua patologia e também desenvolver novas terapias", explicou.
júri do prêmio argumentou que as descobertas do trio levaram a um novo ramo da medicina, o dos "alvos genéticos" -- o que permite, por exemplo, "desligar" determinados genes em ratos para analisar seu efeito sobre a fisiologia e as doenças.
Stephen O'Rahilly, chefe do Departamento de Bioquímica Clínica da Universidade de Cambridge, disse que tal técnica teve "profunda influência sobre a pesquisa médica".
"Graças a esta tecnologia, temos uma compreensão muito melhor da função de genes específicos no organismo como um todo e uma maior capacidade de prever se drogas agindo sobre essas reações químicas devem ter efeitos benéficos na doença".
Capecchi e Smithies demonstraram que os genes podem ser alvejados, modificados e reparados em caso de defeito. Evans ofereceu meios de fazer isso isolando células-tronco embrionárias de ratos, as quais dão origem a todas as células do organismo.
Seus trabalhos levaram a importantes revelações sobre o desenvolvimento dos órgãos e as causas de alguns defeitos congênitos e à criação de modelos para doenças como fibrose cística, hipertensão e aterosclerose.
O Nobel de Medicina é tradicionalmente o primeiro a ser anunciado todos os anos. Essa honraria, criada pelo espólio do cientista Alfred Nobel, é entregue anualmente desde 1901. O Nobel de Física será revelado na terça-feira, seguido pelos de Química (quarta-feira), Literatura (quinta) e Paz (sexta, em Oslo).
Capecchi, nascido em 1937 em Verona, doutorou-se em Harvard em 1967. É pesquisador do Instituto Médico Howard Hughes e professor-emérito da Universidade de Utah (EUA).
Evans, nascido em 1941, doutorou-se em Anatomia e Embriologia em 1969 no University College, de Londres. É diretor da Escola de Biociências e professor de Genética dos Mamíferos na Universidade de Cardiff (Grã-Bretanha).
Smithies, nascido em 1925, doutorou-se em Bioquímica em 1951, em Oxford. Leciona Patologia e Medicina Laboratorial na Universidade da Carolina do Norte (EUA).
(Reportagem adicional de Maggie Fox em Washington, Michael Kahn em Londres e Niklas Pollard, Emma Bengtsson e Adam Cox em Estocolmo)
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