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10 de outubro de 2007

Tecnologia de laptop e iPod leva Nobel de Física

Descoberta do francês Albert Fert e do alemão Peter Grünberg na década de 1980 permitiu a redução do tamanho de equipamentos eletrônicos

Cristina Amorim

Dois europeus, o francês Albert Fert, de 69 anos, e o alemão Peter Grünberg, de 68, receberam ontem o Prêmio Nobel de Física de 2007 por descobrirem como armazenar quantidades imensas de dados em espaços cada vez menores. Graças a eles, o mundo tem laptos, iPods, celulares modernos e uma série de outros aparelhos eletrônicos portáteis. Os dois descobriram, em trabalhos paralelos, cada um em seu país, um efeito chamado de magnetoressistência gigante (MRG), quando pequenas variações magnéticas produzem grande resistência elétrica.

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Esse é o caminho pelo qual a informação armazenada magneticamente no disco rígido pode ser convertida em sinais elétricos que o computador lê. Isso permitiu colocar muito mais informação nos discos rígidos - que antes dependiam de grandes variações magnéticas. Fert contribuiu principalmente com a medição magnética e, nesse trabalho, teve a colaboração fundamental de um brasileiro, o físico Mario Norberto Baibich, que na década de 1980 trabalhava no laboratório francês (leia texto abaixo). Já Grünberg criou um sistema mais simples do que o francês e, apesar de não obter resultados tão nítidos, aproximou-se mais da aplicação.

Os dois pesquisadores sabiam que seu trabalho teria grande impacto no desenvolvimento tecnológico. No artigo científico que apresentou os primeiros resultados consolidados, Fert já previa que ele seria aplicado pela indústria. Já Grünberg registrou uma patente ao mesmo tempo em que escrevia o artigo científico.

“Vocês gostam de física?”, perguntou Fert ontem a um grupo de jovens perto do centro de pesquisa onde trabalha, em Paris. “Se você consegue escutar música no seu aparelho de MP3, é um pouco por causa do que eu fiz.” Em seguida, disse ao Estado que “a magnetorresistência gigante representou uma extensão do computador ou de sua tecnologia à informática de grande alcance de público”.

Os premiados dividirão um prêmio de cerca de R$ 2,7 milhões. Ontem, ao saber da notícia, Grüeberg disse que o prêmio era “ligeiramente” esperado por ele. “Mas não completamente, ou eu teria colocado uma gravata.”

NANOTECNOLOGIA“Esse é o primeiro reconhecimento internacional dos progressos da nanotecnologia.

Muito coisa virá nos próximos anos”, diz o jornalista especializado em tecnologia Ethevaldo Siqueira, colunista do Estado. “É uma espécie de ‘retorno social’, no sentido de que há um benefício tecnológico graças ao trabalho de um grupo pequeno de pessoas”, disse outro brasileiro que estudou com Fert, o físico Luiz Schelp, da Universidade Federal de Santa Maria. “Isso melhora a imagem dos físicos.”

Os dois cientistas europeus já eram cotados para receber o prêmio junto com o americano Stuart Parkin, pesquisador da IBM, e um dos primeiros a identificar o potencial da descoberta. Parkin transformou a pesquisa de laboratório em produto após uma série de testes com materiais e processos de produção.

COLABOROU ANDREI NETTO, DE PARIS; COM AP

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