da Agência Folhada Folha Online
As famílias dos oito presos mortos no incêndio da cadeia de Rio Piracicaba (MG), na noite de terça-feira (1º), devem entrar com uma ação conjunta contra o Estado, segundo Raimundo Rodrigues, pai de Jaider Martins, 21, autuado por tráfico de drogas. Ele afirma que o filho, mecânico, sairia da cadeia em 7 de janeiro, por falta de provas.
Sairiam também Rodrigo Luciano dos Santos, 18, e Everson Barbosa Ferreira, 18, presos pelo mesmo motivo de Jaider. Segundo a Polícia Militar, os três eram suspeitos de serem donos de oito pedras de crack.O irmão de Everson, Edson Ferreira, conta que o irmão, detido aos 14 anos por posse de drogas, era usuário, mas estava parando. Os três eram solteiros e sem filhos.
Além deles, morreram também Donizete Gomes, 41, solteiro, que tinha seis filhos e foi condenado por tráfico de drogas; o pedreiro Raimundo Anastácio de Moura, 35, três filhos e condenado por furto; Anderson dos Santos, 23, condenado por furto e Marlon Fernandes, 24, condenado por tentativa de homicídio.
"Meus sonhos foram queimados", disse Magda Aparecida Pena Lima, 34, companheira de Juarez de Jesus Santos, 28, preso por furto e morto no incêndio. Os dois planejavam abrir um salão de beleza depois que fosse solto. Ele, que era pedreiro e tinha dois filhos, também sabia cortar cabelos.
OAB
Segundo a OAB, existem em Minas Gerais 15.739 presos em cadeias públicas. O número é parte de um estudo da OAB-MG, que será enviado à OAB federal neste mês, obtido com exclusividade pela Folha.Do total de presos em cadeia pública em Minas Gerais, 4.400 estão condenados em regime fechado, ou seja, deveriam estar em penitenciárias, segundo a entidade. Outros 986 estão condenados em regime aberto.
Incêndio
Os oito presos morreram intoxicados pela fumaça. O carcereiro --único do plantão que tinha a chave das celas-- não estava na delegacia quando o fogo começou, o que dificultou o resgate dos presos. Apenas um policial militar estava no local no momento. Não foi informado o nome do carcereiro nem onde ele estava.
Segundo a polícia, antes do incêndio atingir a cela, os presos tinham sido advertidos a apagar um pequeno foco de incêndio que haviam provocado. O foco estaria próximo a uma das camas.
Uma ligação clandestina de energia elétrica feita para instalar lâmpadas dentro da cela 1 da cadeia pode ter causado um curto-circuito e originado o incêndio, de acordo com a Polícia Militar. Relatos ouvidos pela polícia indicam que as chamas se espalharam rapidamente pelos colchões de espuma.
Dois PMs teriam tentado abrir um buraco na parede dos fundos da cela, mas os presos morreram antes. Um caminhão-pipa de prefeitura foi ao local combater as chamas, mas não conseguiu evitar as mortes. A cidade, de pouco mais de 14 mil habitantes, não tem Corpo de Bombeiros.
Dois delegados da Corregedoria da Polícia Civil foram enviados para a cidade de Rio Piracicaba. Edson Serafim Camargos e Everson Santos, vão apurar responsabilidades no caso. O laudo pericial que apontará a origem exata das chamas deve ser concluído nos próximos dias. A cadeia pública de Rio Piracicaba possui quatro celas e capacidade para abrigar 18 detentos. No momento do acidente, havia 22 presos no local, entre eles albergados. Ainda no final da noite de ontem, sete presos foram transferidos para João Monlevade e sete ficaram no albergue de Rio Piracicaba.
Recursos
Depois da tragédia, o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), teria determinado a "agilização", segundo nota do governo, do Programa de Ampliação e Reforma de Cadeias Públicas, iniciado em 2007, que tem recursos de R$ 20 milhões.
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