Protestos pediam ontem a renúncia do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert. Um de seus ministros, Eitan Cabel, já pediu demissão. Membros do Kadima já falam em apoiar a saída do primeiro-ministro. A crise começou com a divulgação de um relatório que apontou falhas durante a guerra no Líbano
PRIMEIRO-MINISTRO de Israel Ehud Olmert (Foto: Menahem Kahana/AFP)
A população israelense pedia ontem, em Jerusalém, a renúncia de Ehud Olmert, um dia depois da divulgação de um relatório investigativo apontando graves falhas do primeiro-ministro durante a guerra no Líbano. Apesar de algumas vozes mais otimistas afirmarem ser passageira a tempestade política causada pelo contundente documento - e que a permanência do premier no cargo é, afinal, possível - um de seus ministros já deixou o cargo e a imprensa também pressiona pela saída de Olmert.
"O público perdeu a confiança no primeiro-ministro Olmert", declarou durante seu discurso de renúncia o ministro Eitan Cabel, primeira baixa da coalizão governista. "Não posso permanecer em um governo comandado por Ehud Olmert", afirmou o membro veterano do Partido Trabalhista, pedindo a seus colegas da coalizão que cumpram seu "dever" e trabalhem pela saída do primeiro-ministro.
"Com uma arma na cabeça" e "ele deve ir" eram as manchetes do principal jornal israelense, o Yediot Aharonot. "Olmert em direção à saída", escreveu o tablóide rival Maariv, enquanto o liberal Haaretz anunciava: "apertando o nó". Uma pesquisa realizada por uma emissora de rádio revelou que 69% dos israelenses acham que o primeiro-ministro deveria renunciar, enquanto 74% acreditam que o ministro da Defesa, Amir Peretz, também acusado no relatório de ter falhado em suas funções, deveria sair com ele.
Ami Ayalon, provável substituto de Peretz na liderança da coalizão, também pediu a Olmert que saísse e deixasse o caminho livre para a organização de um governo de emergência para conter o efeito negativo das pesquisas. "Faço um apelo ao primeiro-ministro para que renuncie em prol do estabelecimento de um governo de recuperação", disse.
De acordo com um dirigente, que não quis se identificar, a maioria dos deputados do Kadima apóia os apelos à demissão do premier israelense. O chefe do grupo parlamentar do Kadima, Avigdor Itzahaky, afirmou, por sua vez, que "não há nenhuma tentativa de afastar Olmert".
Olmert formou uma coalizão que agrega 78 dos 120 membros no Parlamento, a economia do país vai muito bem e a população até agora não demonstrou disposição para organizar protestos massivos. Sua capacidade de encontrar um caminho para fora da crise política depende bastante da reação do público. Uma passeata já está sendo planejada em Tel-Aviv para a próxima quinta-feira.
O relatório parcial publicado na última segunda-feira acusa Olmert de "falhas graves de julgamento, responsabilidade e prudência", de agir "precipitadamente" e de ter trabalhado pessoalmente para alcançar objetivos bélicos "gananciosos" e impraticáveis. Israel falhou em alcançar as duas metas principais que levaram à guerra do Líbano: resgatar seus dois soldados que estavam em poder do Hezbollah e impedir que o grupo terrorista lançasse os quase 4 mil foguetes que mataram dezenas de civis e obrigaram um milhão de israelenses a fugir para o norte. (Folhapress)
{Costa}
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