O novo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, anuncia hoje mais um recorde de produção da indústria automobilística, referente ao primeiro quadrimestre deste ano. As montadoras trabalham em ritmo acelerado, inclusive com a abertura de novos turnos, graças ao forte crescimento nas vendas de veículos para o mercado doméstico. O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, lançou um desafio ao setor: alcançar 5 milhões de unidades produzidas por ano até 2010. No ano passado, a indústria brasileira alcançou 2,6 milhões de unidades. Para este ano, estão previstos cerca de 2,8 milhões. Seria necessário, portanto, praticamente dobrar a produção anual das montadoras nos próximos três anos.
Mas para Cledorvino Belini, presidente da Fiat Automóveis, não se trata de um desafio inalcançável. “5 milhões é um número bom, mas somando os mercados brasileiro e argentino. Eliminando alguns gargalos nas montadoras é possível chegar a esse volume de veículos produzidos com facilidade”, diz.
Somados, os mercados automotivos brasileiro e argentino produziram no ano passado 3,04 milhões de unidades. Nos três primeiros meses do ano, o crescimento na produção dos dois mercados foi de 6%, em comparação ao mesmo período do ano passado, alcançando 752,6 mil unidades. Mas as empresas estão trabalhando para ampliar a produção, uma vez que as vendas locais estão crescendo na casa dos dois dígitos, tanto no Brasil quanto na Argentina.
A Renault iniciou recentemente um segundo turno de produção, visando o lançamento de seu novo modelo para o mercado doméstico, o compacto Logan. Ele também será vendido na Argentina. Há ainda a expectativa do anúncio de produção de uma picape a partir do ano que vem, em parceria com a Nissan. A expectativa da montadora francesa, em função do aquecimento do mercado doméstico, é fechar o ano com um incremento de 63,4% na fabricação de veículos em São José dos Pinhais (PR), alcançando 111,7 mil unidades.
A Fiat recentemente ampliou a produção de sua planta em Betim (MG), que agora trabalha nas 24 horas do dia. A decisão foi tomada por causa da forte demanda no mercado local, que gerou a falta de alguns modelos nas concessionárias. Ainda há casos de fila de espera pelos modelos mais procurados. No mês passado foram contratados mais 1,2 mil funcionários, elevando a produção para 2,6 mil veículos por dia, podendo chegar a 3 mil unidades diárias. Em 2006, a Fiat produziu 562 mil carros e agora trabalha com a meta de repetir o recorde histórico de 1997, de 619 mil.
Um novo turno também foi aberto na Iveco, fabricante de veículos pesados do grupo Fiat. Belini conta ainda que, caso esgote a capacidade de produção da planta de Betim (MG), a empresa ainda possui uma fábrica em Sete Lagoas (MG) e em Córdoba, na Argentina, se surgirem novos projetos e investimentos .
Mas ele ressalta que, para alcançar este número, algumas medidas precisam ser tomadas pelo governo. Uma delas é a mudança da cobrança tributária. “De cada três veículos que produzimos, um fica com o governo em forma de impostos”, diz Belini. O presidente sugere que esta cobrança seja transferida para o uso do veículo, de forma gradativa. A medida é aprovada por Schneider. “A estrutura tributária pode ser calcada no uso do veículo, e não na produção, como é feito hoje. Isso geraria mais empregos para o setor”, diz o presidente da Anfavea.
Forte crescimento
Segundo dados preliminares da Anfavea, de janeiro a abril foram comercializados 671,3 mil automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões, 22,4% a mais que o registrado em igual período de 2006. Empresários do setor creditam este crescimento à estabilização da economia, ao aumento de renda do brasileiro e às facilidades do financiamento (leia texto ao lado, nesta página).
Este crescimento deverá se sustentar pelo menos até o final do segundo trimestre, avisam os fornecedores de matéria-prima. “Até junho haverá demanda alta. Não vejo sinais de desaquecimento nos pedidos para o setor automotivo”, diz Christiano Freire, presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). A venda dos distribuidores bateu recorde no primeiro trimestre, ficando 20% acima da do mesmo período do ano passado. Freire conta que o setor que mais puxou este aumento foi o automotivo: “Ficou acima dos 20%. Está mais forte do que os demais”.
Os distribuidores costumam fornecer aço para as empresas de autopeças, enquanto as montadoras compram diretamente das usinas. Mas as próprias usinas encontram dificuldades em atender ao aumento da demanda. “A Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) está com a carteira de pedidos lotada. Tanto que atualmente prioriza o atendimento às montadoras e tem dificuldade de atender aos distribuidores”, conta Freire.
RankingNo primeiro quadrimestre a Fiat manteve a sua liderança no mercado doméstico, com 25,1% dos veículos comercializados. A Volkswagen ampliou a distância na vice-liderança, com 23,5% de participação, enquanto a General Motors (GM) possui 21,4% dos veículos comercializados no mercado doméstico. Na quarta posição aparece a Ford — que em abril bateu recorde de vendas, com 20,6 mil unidades comercializadas —, com 11,7%. Da quarta à oitava colocação a briga está apertada: Toyota tem 3,4%, Honda 3,3%, mesma participação da Peugeot, e a Renault possui 3,2% de market share.
{Costa}
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