Do lado de fora, o clima ainda é tenso. A Polícia Militar formou um cordão de isolamento e impediu a passagem de cerca de 6 mil estudantes
Andrea Portella
Marcio Fernandes/AE
6 mil estudantes, trabalhadores e professores da USP estavam no cruzamento da Avenida Francisco Morato com a Avenida Morumbi, principal acesso ao Palácio dos Bandeirantes
SÃO PAULO - Começou por volta das 17h30 um encontro entre uma comissão de 13 estudantes da Universidade de São Paulo (USP), o assessor do governador Gustavo Ungaro e o secretário-adjunto, Humberto Rodrigues da Silva. A reunião acontece no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo.
Do lado de fora, o clima ainda é tenso. A Polícia Militar formou um cordão de isolamento e impediu a passagem de cerca de 6 mil estudantes, trabalhadores e professores da USP, que estavam no cruzamento da Avenida Francisco Morato com a Avenida Morumbi, principal acesso ao Palácio dos Bandeirantes. De acordo com estimativas da PM, haveria de 3.000 a 5.000 manifestantes na passeata.
"O Palácio dos Bandeirantes, por lei, é uma área de segurança pública. Nós não podemos permitir manifestação naquele local, principalmente a quebra da ordem", disse o coronel da PM Alaor José Gasparetto, ouvido pela agência Reuters. O coronel não quis divulgar o número de homens envolvidos na operação, mas afirmou que era "bastante elevado" e que o Palácio dos Bandeirantes está isolado.
A idéia de receber a comissão de estudantes foi do próprio governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que queria impedir que a manifestação chegasse às portas da sede do governo paulista. Mais cedo, um manifestante tentou furar o bloqueio policial, foi preso e, na tentativa de conter outros manifestantes, PMs avançaram com gás de pimenta.
Decretos
A manifestação ocorre no mesmo dia em que o governador editou uma medida eliminando, segundo o próprio governo, "os equívocos de interpretação" dos decretos que deflagraram a invasão da reitoria da USP por estudantes, no dia 3 de maio.
O documento foi publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial do Estado de São Paulo, a pedido dos reitores da Unicamp, USP, Unesp e da direção da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp).
Um dos principais motivos do movimento dos estudantes da USP são cinco decretos assinados pelo governador que, para parte da comunidade acadêmica, ferem a autonomia universitária. Também fazem parte das reivindicações dos estudantes: contratação de mais professores, aumento do repasse para a educação, construção de moradia estudantil e reajuste.
Adesões
Na quarta-feira, 30, um grupo de estudantes saiu da reitoria e passou o dia fazendo um "arrastão" por várias unidades do campus, convocando mais adesões. Eles pretendem angariar o maior número possível de alunos para que, durante a manifestação desta quinta a reitoria não fique esvaziada. Há, entre eles, o temor de que a Polícia Militar aproveite o período para cumprir a reintegração de posse, ordenada há mais de duas semanas pela Justiça em ação movida pela reitora Suely Vilela.
Negociações
Nesta quinta, a ocupação chega a seu 29º dia sem negociações e resultados palpáveis. Na última segunda, cerca de 500 estudantes participaram de uma reunião com o secretário estadual de Justiça, Luiz Antonio Guimarães Marrey, com a reitora da universidade, representantes do Ministério Público, do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana e funcionários e professores da USP, além de estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp).
A PM tem uma ordem do poder judiciário para reintegração de posse, mas continua o impasse entre o comando do Policiamento de Choque, na pessoa do coronel Joviano Conceição Lima, e o governo do Estado. A Polícia Militar já havia informado em dias anteriores que, num possível cumprimento da decisão judicial, caso haja resistência, os policiais poderão entrar no local e prender os alunos.
A USP tem cerca de 80 mil alunos e 5 mil professores. A greve e a continuação da ocupação foi votada em assembléia com cerca de 2 mil alunos e 200 professores. Além disso, os funcionários também aderiram e estão, em parte, ocupando também a reitoria.
Não existe um balanço de quantos funcionários e professores estão paralisados nas universidades estaduais. Na USP, dos 15 mil funcionários, 75% aderiram à greve, segundo o sindicato. Na Unicamp, são cerca de 20% dos 7, 3 mil trabalhadores.
Com Leonencio Nossa, Ricardo Valota, Gilberto Amendola e Reuters
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