Revelação
Ao fim de 35 anos de trabalho, o arqueólogo israelita Ehud Netzer, do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, realizou o sonho de uma vida: descobriu e acaba de revelar ao Mundo o mausoléu que encerra o túmulo do rei Herodes, nascido em 73 a. C. e falecido no ano 4 a. C.
Construído numa montanha rochosa – o Monte Heródio –, o mausoléu fica a 15 quilómetros de Jerusalém, às portas do deserto, integra-se num complexo monumentístico impressionante e só é acessível graças a um grande lanço de escadas (de seis metros e meio de largura), mandado construir propositadamente para o cortejo fúnebre do rei.
Claro que, ao longo dos anos, o local foi sistematicamente pilhado (sobretudo durante o primeiro século da era cristã, por grupos de judeus revoltados contra a ocupação romana) e ontem aquilo que Netzer apresentou ao Mundo foram centenas de pedaços do que teria sido, em tempos, um sarcófago esplendoroso (ver caixa). Ainda assim, nada consegue diminuir a felicidade deste homem que começou a interessar-se por Herodes na década de 60 e que iniciou este processo arqueológico em 1972, alertado por um livro do historiador judaico-romano Flavio Josefo.
As investigações começaram inicialmente numa escala muito modesta e, ao longo dos anos, sofreram vários revezes. Na década de 80, os trabalhos tiveram de parar por causa da Intifada. Retomados em 1997, tiveram nova paragem em 2000, recomeçando em 2005. Actualmente, Netzer é um dos maiores especialistas mundiais em arquitectura do período de Herodes, rei nomeado pelos romanos para governar a Judeia entre 37 a 4 a.C. e que se lançou num ambicioso programa de construções monumentais com vista a perpetuar o seu nome.
UM REI QUE FICOU NA HISTÓRIA
Responsável pela construção das cidades de Cesareia e Sebastia, pelas fortalezas de Heródio e Massada e pela reconstrução do Templo de Jerusalém, Herodes decidiu fazer-se enterrar em Heródio por razões sentimentais: teve um acidente aparatoso no local, mas saiu praticamente incólume dos destroços. Mais de dois mil anos após a sua morte, Netzer descobriu, no meio das ruínas de Heródio, um belíssimo sarcófago de dois metros e meio de comprimento, construído em calcário avermelhado e decorado com rosetas. Segundo o especialista, só pode ser o túmulo do monarca. “É um sarcófago que não se encontra facilmente: é muito especial”, garantiu, em conferência.
Ana Maria Ribeiro com Lusa
{Costa}
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