Fernando Mexía Tóquio, 15 jul (EFE).- A Coréia do Norte confirmou hoje oficialmente o fechamento do reator de Yongbyon, enquanto os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) já estão no local para verificações.
O porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores norte-coreano confirmou pela primeira vez o final das atividades nucleares na central de Yongbyon, a 90 quilômetros da capital do país, Pyongyang, depois de o regime de Kim Jong-il ter comunicado a Washington no sábado.
"Suspendemos as operações em Yongbyon após receber a primeira parte do carregamento de 50 mil toneladas de combustível e permitir que os inspetores da AIEA supervisionassem o processo", afirmou hoje o porta-voz do Ministério, segundo a "Agência Central de Notícias da Coréia do Norte" ("KCNA"), citada pela "Kyodo".
O fechamento do reator norte-coreano faz parte do acordo assinado em 13 de fevereiro em Pequim entre Estados Unidos, Japão, China, Rússia e as duas Coréias, pelo qual Pyongyang renunciava a seu programa nuclear em troca de ajudas energéticas internacionais.
Na reunião de fevereiro foi estipulado que a Coréia do Norte teria que permitir o retorno dos inspetores da AIEA a seu território e pôr fim a suas operações na central de Yongbyon, em troca de um primeiro envio de 50 mil toneladas de combustível.
"Pyongyang fez tudo que devia para cumprir o acordo de 13 de fevereiro e agora resta saber se os demais países farão sua parte, principalmente se EUA e Japão tomarem medidas para anular suas políticas hostis", disse o porta-voz de Exteriores norte-coreano à "KCNA".
Na madrugada de sábado, 6.200 toneladas de petróleo chegaram à costa norte-coreana vindos de seu vizinho do sul, e pouco depois os técnicos da AIEA aterrissaram na Coréia do Norte, de onde foram expulsos em dezembro de 2002, quando os EUA acusaram o país asiático de enriquecer urânio em segredo.
O enviado americano para a desnuclearização norte-coreana, Christopher Hill, afirmou que os inspetores da AIEA já estão verificando se o fechamento de Yongbyon foi feito, como afirma o Governo de Kim Jong-il.
A confirmação oficial do fechamento das instalações poderia demorar duas semanas, tempo que os inspetores precisam para concluir o trabalho, segundo fontes do Ministério de Exteriores sul-coreano citadas pela agência "Yonhap".
O fim da atividade na central de Yongbyon representa um grande passo rumo ao fim do programa nuclear do regime comunista e o anúncio do fechamento foi muito bem recebido pelos países participantes das conversas de seis lados.
O porta-voz do Governo sul-coreano, Choo Hee-yong considerou a notícia como "uma mostra do compromisso de Pyongyang com o acordo de 13 de fevereiro". Para seu colega no Departamento de Estado americano, Sean McCormack, o avanço poderia impulsionar uma nova fase do processo de desnuclearização.
Na próxima quarta-feira os países participantes da reunião de seis lados retomarão as negociações em Pequim sobre o programa nuclear norte-coreano, em meio ao otimismo criado por um resultado muito diferente do obtido no último encontro.
Em 22 de março, o negociador da Coréia do Norte deixou a reunião antes do fim afirmando que Pyongyang não continuaria o diálogo se antes não tivesse acesso aos US$ 25 milhões que tinha depositado no Banco Delta Asia (BDA), de Macau.
As contas norte-coreanas estavam bloqueadas pelo Governo americano, sob a suspeita de servirem para financiar atividades ilegais.
No entanto, o dinheiro foi transferido no dia 19 a uma entidade russa, por meio da qual Pyongyang pôde ter acesso aos fundos, o que abriu caminho para a retomada do acordo em Pequim. EFE fmx ev/ma
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