Para ambos, só assim senador se defenderia das denúncias de maneira isenta
Paulo Maciel, da Agência Estado
SÃO PAULO - O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e o deputado Ricardo Izar (PTB-SP) concordam que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deveria se afastar do cargo para se defender das denúncias de maneira isenta. "O ideal é ele se afastar e fazer a defesa da tribuna do plenário e no Conselho de Ética", ponderou o presidente do Conselho de Ética da Câmara durante o programa Em Questão, da TV Gazeta. "Todos os representados na Câmara dos Deputados estiveram no Conselho de Ética, coisa que ele não fez até agora", sustentou Izar.
O senador Suplicy, que participou do mesmo programa, confidenciou que Renan Calheiros já teria se comprometido a depor no Conselho. "Na quarta-feira ele disse para mim que vai ao Conselho de Ética", revelou Suplicy. "Agora, como a Polícia Federal pediu 20 dias para concluir a perícia, (o depoimento) vai ficar para o início de agosto."
Roriz
O presidente da Comissão de Ética da Câmara preferiu fazer uma distinção clara entre os casos envolvendo os senadores Joaquim Roriz (PMDB-DF) e Calheiros. Izar foi taxativo ao afirmar que Roriz não tinha tradição no Congresso e seria "infeliz" na própria defesa. "Ele errou: as provas eram concretas, ele seria cassado", concluiu Izar, que presidiu a comissão que analisou os processos de cassação dos deputados envolvidos com o mensalão. "Ele saiu porque quer ser candidato a governador de novo." Para ele, Roriz seria cassado e Renan, absolvido. Porém, ressalvou que o fato de Renan Calheiros não ter se afastado até este momento só complica a situação dele. "Agora ficou muito mais difícil para o Renan."
Diferenças
Ao analisar a atuação do Conselho de Ética do Senado comparado com o Conselho da Câmara, Izar foi bastante crítico: "Logo no começo da legislatura nós escolhemos os membros do Conselho e houve uma eleição sem influência política. O senado não fez isso", lembrou.
Além disso, o deputado paulista criticou o que considera falta de isenção na escolha do relator do processo: "Como que o relator pode ser do mesmo partido da pessoa representada", indagou. "Na Câmara não pode, o nosso regulamento não permite." Izar promete, agora, lutar pelo fim do voto secreto no caso de análises de cassações.
Mudança de rumo
Suplicy elogiou as últimas decisões do Senado, que, segundo ele, estaria pronto para arquivar o caso envolvendo o presidente Renan Calheiros. O senador sustenta que a pressão da opinião pública teria provocado essa mudança de rumo. "Todos fomos tão cobrados que a Mesa do Senado resolveu remeter o processo de volta para o Conselho de Ética", enfatizou o petista. "Ao definir três relatores, o Conselho de Ética efetuou um equilíbrio razoável e esses resolveram pedir à Polícia Federal para terminar a perícia."
O senador do PT disse que, no caso de ser afastado, o presidente do Senado sairia "fortalecido" do episódio. "Quando pessoas do seu próprio partido (PMDB) - como Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon - estão recomendando que se licencie para que faça a sua própria defesa, eles estão falando como amigos", sustentou o senador paulista. E explicou o motivo: "Porque eu acho que ele estaria mais forte para fazer a sua defesa se gastasse todo o seu tempo e energia dedicando-se à sua própria defesa."
Suplicy disse que tentará aprovar emenda constitucional para acabar com o cargo de suplente: "Dei entrada esta semana a uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que não haverá mais suplentes, senão eleitos diretamente pelo povo."
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