Desde sexta-feira já morreram 50 pessoas
Pedro Chaveca
Orestis Panagiotou/EPA Há mais de dois dias que os fogos não dão tréguas aos bombeiros
Os vários incêndios que varrem o sul da Grécia estão fora de controlo e Atenas já pediu ajuda aos parceiros da UE. As autoridades pensam ter havido mão criminosa.
A vaga de fogos que atormenta a Grécia desde a semana passada já fez 50 mortos e os bombeiros na terra e no ar parecem não conseguir controlar a fúria das chamas. Entre os danos materiais contam-se dezenas de casas e carros carbonizados, para além de milhares de hectares de terrenos reduzidos a cinzas.
As regiões mais afectadas pela tragédia são as zonas do Peloponeso no sul do país, onde já foram evacuadas várias aldeias e os arredores de Atenas. O fogo ameaça agora as milenares ruínas de Olímpia, berço das olimpíadas e património da humanidade.
A capital Atenas continua a escapar às chamas, um cenário que poderá piorar, pois algumas frentes do incêndio já chegaram aos seus arredores. O desespero das autoridades levaram o governo liderado por Costas Karamanlis a pedir ajuda aos parceiros da União Europeia, que responderam com o envio de homens e material: “Aviões provenientes de França, Itália e Espanha foram já destacados ou estão prestes a ser enviados para as zonas afectadas”, confirmou fonte da Comissão Europeia.
Portugal, em virtude de um Verão particularmente fresco e chuvoso, também respondeu ao apelo e vai enviar hoje um avião Canadair para a Grécia, segundo adiantou a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). Além do meio aéreo a ANPC vai também colocar ao dispor de Atenas uma equipa constituída por um especialista e um oficial de ligação, que deverão acompanhar a missão e ficar no país cerca de três dias.
Suspeitas de fogo posto
O primeiro-ministro grego já adiantou existirem fortes suspeitas que alguns dos muitos incêndios que assolam o país possam ter tido origem criminosa: “Tantos fogos a começarem em simultâneo em tantas partes do país não podem ser uma coincidência”, referiu o governante que prometeu ir fazer tudo para que os responsáveis sejam levados à justiça e castigados.
Embora Karamanlis tenha declarado o "estado de sitio" e de estarem a ser mobilizados todos os meios para fazer frente a este tipo de calamidade, as críticas começam a suceder-se e o povo grego sente-se abandonado no meio da tragédia.
“Temos de fugir ou morremos todos queimados. Não há ninguém para nos ajudar” lamentou um habitante.
“Passaram aí uns aviões mas não lançaram água, nós é que tivemos de fazer tudo”, queixou-se uma moradora de Evia, no Peloponeso.
Os registos de habitantes apanhados entre as muitas frentes de fogo já fizeram pelo menos 50 mortos e foram várias as pessoas que ao tentarem fugir às chamas foram surpreendidas pelas labaredas nos carros ou em pleno mato.
Muitas pessoas estão a ser evacuadas da ilha de Evia em ferry-boats até à região continental de Atenas. A capital, que até agora só tem sido fustigada pelo muito fumo que chegou a encobrir o sol, está cada vez mais ameaçada pelas várias frentes de fogo que já chegaram aos arredores.
As altas temperaturas e o vento seco são os grandes adversários das centenas de bombeiros que lutam no terreno contra um inimigo incasável e que não parece ir dar tréguas tão cedo. A ajuda dos vários parceiros europeus poderá ser vital para que a situação se inverta.
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