Decisão do DEM e do PSDB enfraquece ainda mais presidente do Senado
Rosa Costa, do Estadão
BRASÍLIA - O cerco ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aumenta nesta terça-feira, 7, com duas decisões que devem dificultar mais ainda a sua permanência no cargo. As bancadas do DEM e do PSDB, em reuniões separadas, vão formalizar a decisão de pedir ao Conselho de Ética que investigue a denúncia de que Renan teria utilizado parentes e servidores do Senado como laranjas nas operações de compra de um jornal diário e duas emissoras de rádio.
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Os líderes dos dois partidos, senadores José Agripino (RN), e Arthur Virgílio (AM), alegam que o Senado não pode mais continuar presidido por um parlamentar que a todo momento está sendo obrigado a se explicar. "Eu não vou abrir mão da preservação da dignidade da Casa para o qual fui eleito", alegou Agripino. Para Virgílio, o Senado enfrenta uma crise tão grave que "está em marcha batida para um processo de enorme desgaste".
A outra medida contra Renan Calheiros deve partir dos integrantes da Mesa Diretora do Senado. Na reunião marcada para as 10 horas, eles deverão decidir pelo envio, ao Conselho de Ética, da representação em que o PSOL pede que seja investigada a ligação de Renan com a fábrica de bebidas Schincariol. Segundo a revista Veja, o senador teria atuado no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e na Receita Federal em favor da empresa - que pagou R$ 27 milhões por uma fábrica de refrigerante pertencente a seu irmão, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), que estava prestes a fechar.
Para o segundo-secretário, senador Gerson Camata (PMDB-ES), não cabe à Mesa opinar sobre o mérito de nenhuma denúncia. "Nossa missão é mandar a denúncia para a corregedoria e para o conselho", alegou. "É um problema deles e não nosso". Camata disse que hoje mesmo vai apresentar uma emenda ao Regimento Interno do Senado excluindo de uma vez por toda a necessidade de a Mesa se manifestar sobre denúncias contra parlamentares.
Nas reuniões desta terça-feira, o DEM e o PSDB também deverão decidir sobre o comportamento que terão em plenário. O líder Agripino defende a obstrução na votação de matérias, "para não passar ao País a imagem que o Senado está em paz". Segundo ele, "não estamos em paz coisa nenhuma, estamos constrangidos e muito, perante nós mesmos e perante a sociedade".
Já Arthur Virgílio, disse que seu partido tem um compromisso, com os pequenos empresários, de votar o projeto de lei que altera o Supersimples. "A casa tem sangrado todo dia um pouco, não estamos mais conseguindo deter a hemorragia, mas temos um compromisso a cumprir", afirmou. O futuro de Renan depende ainda da perícia que está sendo feita pela Polícia Federal nos documentos em que nega envolvimento com a empreiteira Mendes Júnior. Notas fiscais e recibos do "pacote" teriam sido forjados para justificar o rendimento de R$ 1,9 milhão em quatro anos.
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