da Folha Online
Advogados se confrontaram com policiais nesta quarta-feira nas ruas do Paquistão, no terceiro de protestos contra o estado de emergência declarado pelo presidente, Pervez Musharraf, no último sábado (3). As manifestações vêm sendo reprimidas com violência.
Cerca de 80 advogados foram impedidos de se reunirem perto da principal corte judicial de Rawalpindi, segundo Mohammed Khan Zaman, membro da associação local de advogados.
Em Islamabad, cerca de 200 advogados protestaram dentro e ao redor da corte distrital, cantando slogans como "Fora Musharraf" e "Não a Musharraf".
Adrees Latif/Reuters Manifestante é detido após chegar a Suprema Corte de Justiça para protestar; policiais se confrontam com advogados pelo terceiro dia
A maior motivação da oposição dos advogados ao presidente foi a prisão do líder da Suprema Corte do Paquistão, Iftikhar Mohammed Chaudhry, juiz independente que Musharraf tentou demitir no ano passado. Em setembro último, no entanto, ele teve o cargo restituído.
Após a declaração do estado de emergência, Chaudhry está sob prisão domiciliar em Islamabad, mas conseguiu se comunicar por celular com os advogados, pedindo que eles fossem às ruas. "Nós precisamos levar essa mensagem às ruas, para que se decida, de uma vez por todas, se será o Exército ou o povo que irão governar no Paquistão", disse Zaman.
Também hoje, o partido da ex-premiê Benazir Bhutto prometeu realizar na sexta-feira (9) uma grande manifestação perto da capital paquistanesa para protestar contra o estado de emergência declarado no país pelo presidente, Pervez Musharraf, no último sábado (3).
No entanto, autoridades locais dizem que a polícia diz que irá reprimir o protesto. O prefeito de Rawalpindi, cidade próxima de Islamabad, afirmou que se usará a força, se necessário, para impedir que manifestantes cheguem ao parque onde Bhutto deve falar a partidários.
"Nós garantiremos que eles não violem a proibição a atos públicos e, se o fizerem, o governo irá tomar as ações necessárias de acordo com a lei", disse o prefeito, Javed Akhlas.
Mas os partidários de Bhutto prometem que irão realizar a manifestação de qualquer forma.
"Nós somos contrários ao estado de emergência e certamente chegaremos a Rawalpindi para protestar", afirmou Babar Awan, um dos líderes do Partido Popular do Paquistão (PPP).
Segundo Akhlas, há uma "forte ameaça" de um segundo ataque suicida contra Bhutto.
A ex-premiê escapou ilesa de uma explosão que atingiu seu comboio em Karachi em 18 de outubro último, dia que voltou ao país após um exílio de quase nove anos. Ao menos 140 pessoas morreram na ação.
EUA
Assim como a oposição, os Estados Unidos e outros doadores internacionais pressionam Musharraf a realizar eleições livres no país.
Eles também exigem que o general cumpra sua promessa de deixar seu posto de chefe militar do Paquistão --sua real fonte de poder.
"Para que as eleições sejam livres, os líderes de partidos políticos devem ser liberados da cadeia ou da prisão domiciliar. A imprensa deve ser livre para relatar os acontecimentos e dividir sua opinião com a população", disse a embaixadora americana, Anne Patterson.
Musharraf afirma que suspendeu a Constituição e declarou estado de emergência porque a Justiça estava "impedindo" os esforços para deter o terrorismo no país ao liberar suspeitos.
Mas opositores o acusam de ter realizado uma manobra política para manter-se no poder.
O presidente retirou o poder da Suprema Corte no momento em que deveria ser decidida a legalidade de sua reeleição a presidente no próximo mês.
A Justiça também pressiona pelo retorno do ex-premiê exilado Nawaz Sharif.
Ele voltou para ao Paquistão recentemente, após um exílio de sete anos na Arábia Saudita, mas foi deportado poucas horas depois.
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