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12 de novembro de 2007

Oposição pressiona por fim do estado de emergência no Paquistão

da Folha Online

A oposição paquistanesa faz pressão para que o ditador Pervez Musharraf dê fim ao estado de emergência no país, dizendo que as eleições parlamentares previstas para janeiro "não terão validade" caso o regime civil não seja plenamente reestabelecido.

O estado de emergência permite que autoridades prendam pessoas sem ordens judiciais, limitem o movimento de pessoas ou veículos, confisquem armas e fechem espaços públicos.

Vários partidos políticos prometem boicotar o pleito. Neste domingo, Musharraf prometeu realizar eleições em janeiro, mas não deu prazo para o fim do estado de emergência no país.

Segundo ele, as medidas são "necessárias para garantir que as eleições sejam justas e transparentes", e para acirrar o combate à ameaça do extremismo no Paquistão. Bhutto aprovou a data prevista para o pleito, 9 de janeiro, mas disse que a campanha será "difícil".

Raja Zafarul Haq, presidente do partido do ex-premiê Nawaz Sharif, exigiu a restituição da ordem constitucional, a recolocação de juízes afastados dos cargos por Musharraf e a libertação de presos, além da permissão para que Sharif volte para o Paquistão. Ele voltou recentemente de um exílio de sete anos na Arábia Saudita, mas foi deportado horas depois.

"Sob as atuais circunstâncias, é muito difícil acreditar que haverá eleições justas no país", disse Haq à agência de notícias Associated Press.

"Na próxima semana, haverá reuniões, e decidiremos se iremos às urnas ou às ruas".

Liaqat Baloch, secretário-geral do principal partido islâmico do país, Jamaat e Islami, afirmou que sua organização analisa a possibilidade de boicotar as eleições. "Se houver estado de emergência e não houver Constituição, é impossível que a votação seja livre e justa".

Protesto

A ex-premiê do país, Benazir Bhutto, prepara uma grande manifestação contra o regime militar. A polícia reforçou sua segurança, dizendo ter obtido informações de que um suicida poderia atacá-la em Lahore. Bhutto foi alvo de um atentado suicida em Karachi (sul) em 18 de outubro, dia em que retornou ao Paquistão após passar quase nove anos no exílio.

O ataque matou ao menos 145 pessoas. Em Lahore, cerca de 200 policiais cercaram sua casa, com atiradores de elite posicionados em telhados de casas próximas.

O protesto, que deve ter início nesta terça-feira, pretende pressionar Musharraf da dar fim ao estado de emergência e renunciar ao cargo de chefe do Exército. Milhares de partidários de Bhutto devem participar do ato, que deve durar ao menos três dias.

Farzana Raja, porta-voz do Partido Popular do Paquistão (PPP), afirmou que os manifestantes irão resistir a qualquer tentativa do governo de bloquear a "marcha pela liberdade".

"Se a polícia tentar nos deter, haverá confronto entre ativistas do PPP e policiais", afirmou.

EUA

Os Estados Unidos e outros países ocidentais exigem que Musharraf realize as eleições dentro da data prevista, e dizem estar "satisfeitos" pelo fato de elas não terem sido adiadas.

Anteriormente, o governo havia dito que a data poderia ser adiada por um ano.

A secretária de Estado, Condoleezza Rice, disse estar preocupada pelo fato de Musharraf --considerado aliado dos EUA na chamada luta contra o terror-- não ter estabelecido um limite para restaurar os direitos civis. "Não é uma situação perfeita", disse ela.

Joe Biden, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, disse que as eleições serão uma "farsa" caso não se dê fim ao estado de emergência.

Seu rival, Bill Richardson, embaixador da ONU durante a administração de Clinton, afirmou que não é possível ter uma "democracia pela metade".

Do Site: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u344820.shtml

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