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29 de novembro de 2007

Americanos querem acordo para a despedida de Bush

Gerald Herber / ap Décadas de apertos de mão tornam cépticos os mais optimistas

Pedro Olavo SimõesIsraelitas e palestinianos traçaram, em Annapolis, uma meta ambiciosa negociar um tratado até ao fim do ano que vem. Embora as máquinas de propaganda, em especial a dos EUA, não poupem loas ao êxito, a verdade é que daqui para a frente só pode esperar-se trabalho duro. Se deve reconhecer-se a importância de a Administração Bush ter relançado um processo que descurou nos últimos sete anos, há sempre de ter em conta que o verdadeiro acordo entre as duas partes passará por questões muito pouco consensuais, como o desmantelamento dos colonatos judaicos na Cisjordânia, a definição de fronteiras , o estatuto de Jerusalém e a sorte de quatro milhões de refugiados que tiveram de deixar Israel.

Traçar o fim de 2008 como linha de meta é, claramente, resultado da vontade de Washington, que pretende o brilharete antes do fim do mandato de Bush. Porém, também o presidente americano terá muito que pedalar para que tal objectivo se cumpra. Caber-lhe-á, ao longo do próximo ano, o esforço de tentar forçar israelitas e palestinianos a cedências mútuas em questões que, desde 1979, têm encravado sistematicamente todas as esperanças de acordo.

"Encontrámo-nos para lançar as fundações do estabelecimento de uma nova nação um Estado palestiniano democrático, que viverá ao lado de Israel em paz e tranquilidade", disse Bush, em Annapolis, perante os representantes de 49 países. Porém, todas as circunstâncias têm vindo a demonstrar a demagogia desse tipo de declarações. O Hamas disse, logo à partida, que ignoraria tudo o que sucedesse nesta conferência de paz. Na rua, tem-se vivido o resultado dessa clivagem entre palestinianos: incidentes violentos na Cisjordânia e multidões em protesto também na Faixa de Gaza, zona que o movimento islamista domina.

A encenação norte-americana (é disso que se trata sempre) valerá, portanto, menos pelos resultados relativos ao conflito israelo-palestiniano do que pelo objectivo de isolar o Irão, hoje em dia a verdadeira besta negra de Washington. A presença em Annapolis de um membro da família real saudita e as preocupações expressas, por países árabes, relativamente à crescente influência da república islâmica foram, afinal, a chave do êxito.

Embora faça parte do quarteto para o Médio Oriente (a par das Nações Unidas, dos EUA e da Rússia), a União Europeia está, nesta fase do processo, resignada a deixar que Washington tome as rédeas. A delegada geral da Palestina junto da UE, Leila Chahid, diz mesmo, em declarações à France-Presse, que Bruxelas está totalmente "fora" das negociações de paz. Tal circunstância, nota uma analista da agência noticiosa francesa, deve-se à circunstância de Israel confiar nos Estados Unidos, mas não na Europa. As próprias instâncias europeias estão bem cientes dessa realidade, e a alternativa de protagonismo poderá ser encontrada no apoio à criação de um Estado palestiniano. Segundo Javier Solana, alto representante da UE para a política internacional, "a União Europeia aguarda impacientemente estar implicada, de forma estreita, em todos os aspectos do período posterior a Annapolis".

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