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14 de novembro de 2007

Lula defende democracia venezuelana

Presidente sublinhou importância da entrada do país de Hugo Chávez no Mercosul.Ele evitou tomar parte da discussão entre o venezuelano e o rei da Espanha.

Tiago Pariz

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira (14) a democracia da Venezuela, reiterou a importância do país tornar-se membro pleno do Mercosul e evitou tomar partido na polêmica entre Hugo Chávez e o rei da Espanha, Juan Carlos de Bourbon.

“Podem criticar o Chávez por qualquer outra coisa. Inventem uma coisa para criticar o Chávez. Agora por falta de democracia na Venezuela não é. O que eu sei é que na Venezuela já tiveram três referendos, já tiveram três eleições, já tiveram quatro plebiscitos. O que não falta é discussão. Eu acho democracia é assim: a gente submete aquilo que a gente acredita ao povo e o povo decide. Cabe a nós acatar o resultado”, disse Lula.

O presidente defendeu ainda menos debate sobre a política interna venezuelana. “Precisamos apenas respeitar a autonomia e a soberania de cada país. Se nós dermos menos palpite nas regras do jogo dos outros países e olharmos o que nós estamos fazendo, todos nós sairemos ganhando. Se a gente achar que a gente pode dar palpite em tudo, que só pode acontecer no mundo aquilo que a gente gosta, aquilo que a gente quer, nós seremos eternamente infelizes”, refletiu Lula.

O mal-estar entre Chávez e Juan Carlos ocorreu na última reunião da Cúpula Ibero-Americana, em Santiago do Chile. O presidente venezuelano tecia críticas ao ex-primeiro-ministro da Espanha, José Maria Aznar, ao ser interpelado pelo rei que pediu para ele se calar.

Para Lula, não houve exagero de Chávez nem uma tentativa de humilhação por parte do espanhol. “Não acho que houve exagero. Houve uma fala do Chávez que o rei achou que era demais, que era uma crítica ao ex-primeiro-ministro da Espanha que tinha apoiado o golpe venezuelano num primeiro momento. Essas coisas acontecem. A diferença é que o rei estava na reunião. Quem falou 'cala-te' foi o rei, não foi um de nós. Entre nós, nós divergimos muito”, disse.

Países ricos

Lula citou o exemplo da última reunião do G8, grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia, que ocorreu na Alemanha, e teve a chanceler Angela Merkel como anfitriã.

“Como é que você pensa que são as reuniões do G8? Você acha que todo mundo chega lá, tem um protocolo, tem que rir na hora certa? Não. Fui agora em Berlim e disse ao G8 que do jeito que está a reunião, eu não tenho mais interesse de ir, que não estou disposto a ser tratado como cidadão de segunda classe. Ou nós fazemos uma reunião para discutir os problemas do mundo ou não fazemos”, afirmou.

O presidente conversou com os jornalistas após almoço oferecido ao presidente de Guiné Bissau, João Bernardo Vieira. Na visita do colega africano, além de assinar acordos de cooperação, o Brasil comprometeu-se em perdoar a dívida do país estimada em cerca de US$ 34 milhões.

Cuba

Lula disse ainda que cancelou a viagem que faria na próxima semana a Cuba por ter havido um aumento dos pedidos feitos pela ilha de Fidel Castro. Inicialmente, o presidente assinaria acordos para concessão de crédito à Cuba para compra de alimentos e um pacto que envolvia a Petrobras.

“No Chile, tive um encontro com o vice-presidente de Cuba (Carlos Lage) e ele nos apresentou uma lista maior de pedidos que acho que podemos facilmente conceder. Então, pedi para o ministro Celso Amorim adiar a viagem por uns 30 dias”, explicou.

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