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8 de novembro de 2007

Bhutto prepara manifestação em massa contra presidente paquistanês

Ex-primeira-ministra Benazir Bhutto ouve o vice-presidente de seu partidp, Makhdoom Amin Fahim, durante reunião em Islamabad (Foto: AFP)

As autoridades declararam que não permitirão que a manifestação de sexta-feira aconteça.Desde sábado (3) o país está em estado de emergência. Do 'New York Times'

Agravando ainda mais as tensões políticas no Paquistão, a líder da oposição, Benazir Bhutto, anunciou nesta quarta-feira (7) que seu partido pretende realizar uma manifestação em massa na sexta-feira (9) e uma passeata de protesto na semana que vem se o presidente, o general Pervez Musharraf, recusar-se a pôr fim ao estado de emergência e não realizar eleições em janeiro.

Entenda a crise no Paquistão

As declarações de Bhutto, que provocaram confrontos violentos entre seus simpatizantes e a polícia, geraram um conflito direto com Musharraf. Desde sábado, o presidente declarou estado de emergência, suspendendo a constituição do país, prendendo diversos manifestantes e fechando emissoras de televisão independentes.

Pelo decreto de emergência de Musharraf, fica proibido todo e qualquer tipo de protesto público. "Vamos dar prosseguimento ao protesto do dia 9", anunciou Bhutto em uma coletiva de imprensa depois de se reunir com outros partidos de oposição em Islamabad. "Tenho consciência de que a minha liberdade pode estar em jogo."

Depois da coletiva de Bhutto, policiais dispararam gás lacrimogêneo e reprimiram cerca de 100 membros de seu partido quando eles tentavam furar as barreiras policiais que bloqueavam o acesso público ao edifício do parlamento em Islamabad.

A ameaça de realizar um protesto em massa feita por Bhutto, a mais poderosa política de oposição do país, representa o fortalecimento da oposição a Musharraf.

Até agora, os advogados paquistaneses lideraram o confronto, realizando pequenos protestos, sendo que centenas foram espancados ou presos. Mas o partido de Bhutto, o maior de oposição, é considerado por muitos como a única força capaz de levar grandes números de manifestantes às ruas.

Asif Hassan/AFP Advogados paquistaneses são presos durante protesto em Karachi (Foto: Asif Hassan/AFP)

As autoridades declararam que não permitirão que a manifestação de sexta-feira aconteça. O protesto deve ser realizado na cidade de Rawalpindi, próxima a Islamabad. "Vamos garantir que eles não violarão a proibição contra manifestações", afirmou Javed Akhkas, prefeito da cidade, segundo reportagem da agência de notícias "Associated Press". "E se chegarem a fazê-lo, o governo tomará as devidas providências de acordo com a lei."

Akhas contou que havia uma "forte ameaça" de ataque terrorista contra Bhutto. No dia 18 de outubro, ela sobreviveu a um ataque suicida a bomba em Karachi, que matou mais de 140 pessoas.

Motivos

A opção de Bhutto por realizar a passeata na semana que vem é particularmente significativa. Os manifestantes partirão da cidade de Lahore, a leste do país, até Islamabad, um trajeto de 260 Km que os levará ao coração de Punjab, a maior e mais poderosa província do país.

A grande maioria do exército do país vem de Punjab e os soldados, no passado, hesitaram em atirar contra civis na província. Uma agitação popular em massa nesse local poderia fazer com que comandantes do alto escalão se voltassem contra Musharraf e pedissem a sua renúncia, segundo alguns analistas.

A estratégia de Bhutto, ao que tudo indica, conta com a possibilidade de que Musharraf recuará antes da realização dos protestos ou que os oficiais do alto escalão do exército concluirão que o presidente está prejudicando tanto o exército enquanto instituição que o forçarão a renunciar.

Musharraf, por sua vez, poderia apostar que Bhutto não conseguirá atrair multidões ao que ela chamou de a "grande marcha". Lahore não é a sua província natal e sua gestão no poder foi maculada por acusações de corrupção.

Há ainda muitas especulações de que Bhutto, criticada por alguns por ter demorado demais a iniciar protestos contra a regra de emergência, chegará a um acordo com Musharraf.

Os advogados que realizaram protestos durante toda a semana questionaram o comprometimento dela em pôr um fim definitivo à norma militar. Se ela conseguir reunir um grande número de manifestantes em Punjab, isso poderia demonstrar aos oficiais norte-americanos que Musharraf perdeu o apoio popular no país.

Syeda Abida Hussain, ex-embaixadora paquistanesa nos Estados Unidos e membro do partido de Bhutto, disse que os oficiais estrangeiros haviam afirmado que viam pouca oposição popular ao decreto de Musharraf, mas que os novos protestos provariam que isso não procede. "A comunidade internacional está dizendo que não há protestos populares", disse ela. "Então faremos um protesto."

O anúncio de Bhutto e os conflitos entre seus simpatizantes e a polícia ocorreram enquanto o Parlamento, que é dominado por defensores de Musharraf, estava prestes a se reunir para validar a norma de emergência.

Após os confrontos violentos com a polícia no início desta semana nas principais cidades em todo o Paquistão, diversos advogados paquistaneses permaneceram presos na quarta-feira. Em Lahore, 340 advogados haviam sido detidos por um mês pelas leis antiterrorismo. Muitos outros continuaram presos, mas ainda não foram acusados formalmente, segundo eles. Tradução: Cláudia Freire

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