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3 de novembro de 2007

Aumenta pressão pela renúncia de comissário da Scotland Yard

LONDRES - A pressão pela renúncia do comissário da Scotland Yard, sir Ian Blair, aumentou hoje com o anúncio de que um integrante da Assembléia Legislativa de Londres apresentará uma moção de desconfiança contra ele nos próximos dias. Blair negou ontem que pretenda deixar o cargo, logo depois de um tribunal de Londres ter acusado a Scotland Yard de pôr em risco a segurança do público na operação que resultou na morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, confundido com um terrorista no metrô de Londres em julho de 2005. Diante da resistência de Blair, Richard Barnes, do Partido Conservador, afirmou que levará o assunto à assembléia. “Blair precisa assumir a responsabilidade pelos erros cometidos nesse caso.

Essa operação foi um desastre para a corporação e a posição de seu líder é insustentável”, – disse Barnes. Um voto de desconfiança não significa a demissão de Blair, uma vez que a palavra final cabe ao Ministério do Interior. No entanto, jornais britânicos já especulam sobre possíveis sucessores, com o nome de Paul Stephenson, um dos vice-comissários da Scotland Yard, aparecendo como favorito. Blair vem se recusando a deixar o cargo, mas sua situação ficou mais difícil com o veredicto em Londres, ainda que a Scotland Yard tenha apenas sido multada – acusada de violar a Lei de Saúde e Segurança de 1974. Um exemplo da pressão foi a capa do jornal Daily Mail, em que o comissário foi chamado de “homem sem honra”. Algumas das principais autoridades britânicas, no entanto, estão ao lado de Blair.

Hoje, ele recebeu novamente apoio da ministra do Interior, Jacqui Smith, e viu o prefeito de Londres, Ken Livingstone, sair em sua defesa e criticar a decisão da Justiça. Livingstone classificou o veredito com um “desastre que tornará mais difícil a missão da Scotland Yard de defender a capital contra terroristas”. “A decisão fará com que policiais agora se preocupem com possíveis processos quando estiverem na perseguição a elementos perigosos e precisarem tomar atitudes num piscar de olhos”, disse Livingstone, em entrevista à Rádio 4 da BBC. Mas Blair tem enfrentado críticas até de aliados.

Brian Paddick, ex-vice-comissário da Scotland Yard, disse que seu superior deveria ter esperado a poeira baixar antes de se pronunciar, e não anunciar que ficaria no cargo ainda à saída do tribunal. O comissário não entrou na berlinda apenas por conta do caso Jean Charles. Em janeiro de 2006, por exemplo, foi forçado a se desculpar após dizer que a mídia tinha dado destaque demais aos assassinatos de Soham, em que duas crianças foram mortas pelo zelador de uma escola no interior da Inglaterra. (Folhapress)

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