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22 de abril de 2007

Cardiologia - Hipertensão infantil

Saúde Pública
Cerca de 3,5 milhões de crianças no Brasil sofrem com pressão arterial alta ~ Beto Novaes/EM
"De maneira geral, os médicos não têm o costume de medir a pressão nos controles pediátricos de rotina e os pais não cobram a medida da pressão arterial de seus filhos" - Ana Cristina Simões, professora adjunta do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG
Crianças e adolescentes também podem sofrer as conseqüências da hipertensão arterial. Desmistificando a idéia de que só os idosos devem ficar atentos à pressão alta, o tema da campanha que marca o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão, quinta-feira, é a hipertensão infantil. Os casos registrados de hipertensão entre os públicos jovem e infantil têm sido cada vez mais freqüentes, tanto pelo aumento da detecção da doença quanto pelo avanço do sobrepeso e da obesidade. “Profissionais da saúde precisam estar preparados para lidar com essa realidade”, afirma a professora adjunta do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG e integrante da Diretoria da Sociedade Mineira de Hipertensão, Ana Cristina Simões e Silva.
O slogan da campanha, “Hipertensão: é cedo que se previne”, é um alerta para pais e especialistas, já que a preocupação quanto ao controle da pressão arterial geralmente recai apenas sobre os idosos. “De maneira geral, os médicos não têm o costume de medir a pressão nos controles pediátricos de rotina e os pais não cobram a medida da pressão arterial de seus filhos. Além disso, existe uma crença da população de que a doença só acomete adultos. Dessa forma, o obstáculo para o controle começa na questão do diagnóstico, tendo em vista que o problema só será detectado se a pressão arterial for aferida rotineiramente durante as consultas médicas”, comenta Ana Cristina.
Assim como ocorre com os adultos, crianças e jovens acometidos pela doença apresentam poucos sintomas e o quadro costuma estar relacionado a um histórico familiar ou ao excesso de peso. “Nesse caso, o paciente está incluído no grupo da hipertensão arterial primária ou essencial, que se caracteriza pela ausência de causa específica”, explica a médica.
A diferença entre os quadros registrados entre adultos e crianças é o fato de que, além da hipertensão primária, a população infantil pode apresentar, também, a hipertensão secundária. “Ela é causada por uma doença de origem renal, renovascular, cardíaca, endócrina, genética ou tumoral”, afirma Ana Cristina. “Nesses casos, o paciente apresenta as manifestações da doença de base. É fundamental o diagnóstico da causa da hipertensão para sua adequada abordagem terapêutica.”
O diretor da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), Robson Santos, explica que a hipertensão é uma doença sistêmica, ou seja, que pode afetar todo o organismo. Coração, rins e cérebro são progressivamente afetados de forma irreversível. “O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações na fase adulta. É muito comum encontrarmos pacientes adultos que nunca mediram a pressão, com quadro de hipertensão.”
Alerta
Entre os sintomas, o paciente hipertenso apresenta dor de cabeça, tontura, eventuais sangramentos nasais, desmaios e até coma. “A doença pode levar à morte, por infarto do miocárdio ou hemorragia cerebral”, alerta Robson. Quem apresenta pressão alta deve tomar alguns cuidados, evitando fumar, reduzindo o consumo de sal, seguindo uma dieta pobre em gordura e praticando atividades físicas.
A SBH estima que haja 3,5 milhões de crianças e jovens hipertensos no Brasil. O número assusta e faz da hipertensão a doença crônica de maior prevalência na população. Entre os mais jovens, a maioria dos casos de hipertensão está associada aos novos hábitos de vida, segundo Ana Cristina. “A nova geração passa muitas horas na frente do computador, pratica pouca atividade física e consome muitos alimentos industrializados, ricos em sal e gorduras.”
Para alertar a população da capital, a Liga Acadêmica de Hipertensão, equipe formada por acadêmicos de saúde de diversas instituições coordenada pela UFMG, vai realizar um trabalho de conscientização de alunos de escolas públicas e particulares. Segundo Ana Cristina, a prevalência de hipertensão na infância varia de 1% a 13%.
Foi o cuidado da pediatra que garantiu o diagnóstico precoce de pressão alta de Lucas Ferreira Tobias Dantas, de 7 anos. Numa consulta de rotina, a médica constatou a alteração e orientou a mãe da criança, a dona-de-casa Andriele Tobias, a manter o controle da pressão durante as consultas periódicas. “Ele tinha apenas 2 meses quando a médica constatou a hipertensão arterial. Apesar de não apresentar nenhum sintoma, a pediatra faz o controle da pressão a cada consulta, para evitar complicações futuras”, diz Andriele.
{Costa}

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