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25 de abril de 2007
PA: equipe de TV discute com agente da PF e é presa
Lucy Silva
Direto de Belém
Uma equipe da TV Record de Belém (PA) foi presa nesta quarta-feira pelo agente federal Alessandro Dantas quando fazia imagens na porta de uma escola particular no bairro do Marco. Dantas não teria gostado de ser filmado e teria exigido a fita do cinegrafista. Diante da recusa, ele teria agredido o profissional e danificado o equipamento. Toda a equipe foi presa e ficou detida por quase oito horas na sede da Polícia Federal (PF).
A confusão aconteceu por volta das 7h da manhã na porta da escola onde o filho do policial estuda. Ontem, Dantas impediu um assalto no mesmo local. Um casal estava sendo atacado por dois criminosos quando o agente passava pelo local. Ele deu voz de prisão aos bandidos, que teriam reagido atirando. No tiroteio um dos suspeitos morreu, o outro conseguiu fugir.
A equipe alega que estava no local para fazer imagens para outra reportagem, mas o agente federal pensou que estava sendo filmado por causa do crime. "Ele veio logo dizendo 'não vem me filmar, não' e batendo na câmera e nem se identificou pra nós", disse a repórter Célia Pinho.
Segundo ela, a reportagem era um desdobramento do caso ocorrido no dia anterior, mas tinha outro foco. "Não estávamos filmando ele. Nossa pauta era sobre a falta de segurança na área, principalmente no horário de entrada dos alunos, por isso fomos cedo. No momento da confusão, a gente já estava acabando, fazendo imagens gerais apenas", alegou Célia.
Depois da suposta agressão, o agente teria algemado o cinegrafista e o motorista da equipe, Marcelo Silva. "Colocaram a gente no camburão e nos levaram para sede da PF, só lá que o policial se identificou e deu voz de prisão a todos nós. Um absurdo!", reclamou a repórter.
Já na sede da PF, cerca de uma hora depois, a equipe diz que ficou isolada. "Ficamos em salas separadas, incomunicáveis. Até a minha bolsa ficou com eles. A sorte é que conseguimos avisar a TV antes, senão eles não iriam nem saber que estávamos presos", contou Célia Pinho.
Na PF, foi lavrado um TCO contra a equipe por desacato à autoridade. Em seguida, eles foram ouvidos pelo delegado Jorge Gobira e todos, inclusive o policial, foram encaminhados para exame de corpo de delito no IML. O cinegrafista ficou com várias escoriações pelo pescoço e nos braços. Já o policial Alessandro Dantas teve escoriações nos braços.
A fita com as imagens feitas pela equipe foi apreendida pela Polícia Federal para ser periciada. Só por volta das 15h30 a equipe foi liberada.
Acompanhados do advogado da emissora, eles registraram queixa na Delegacia de Polícia Civil contra o agente federal por danos morais e materiais. "Vamos também na corregedoria da Polícia Federal para registar ocorrência por abuso de poder", disse a repórter. A emissora lamentou o episódio através de nota:
"A TV Record Belém lamenta o ocorrido com a sua equipe de reportagem nesta quarta-feira 25, e afirma que respeita todos os profissionais que atuam na Polícia Federal, mas que a liberdade de imprensa é um direito adquirido e que ninguém pode ferir o exercício da profissão de jornalista".
Em nota divulgada à imprensa local, o superintendente da Polícia Federal no Pará, Maurício Gil Castelo Branco, diz que "a Polícia Federal sempre tem pautado suas ações com a maior transparência, especialmente com a imprensa". Mas que "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material e moral decorrente de sua violação, assegurado pela Constituição Federal".
Segundo Carmem, a intensão é levar o caso à conhecimento nacional, uma vez que ela também é presidente de uma comissão da Federação Nacional dos Jornalistas, que apura casos de violência contra a categoria. O sindicato também divulgou nota sobre o caso:
"A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA) repudiam a atitude do policial federal, identificado pelas iniciais A.D.O., acusado de assassinato, que agiu de forma truculenta contra a equipe da TV Record em Belém, formada pelos jornalistas Edílson Matos, repórter-cinematográfico, e Célia Pinho, repórter, além do motorista Marcelo Silva. Em ato que se configura abuso de poder, o policial, que não estava em serviço, partiu para cima dos jornalistas, danificando o equipamento de reportagem, dando voz de prisão à equipe quando esta, em frente à escola Grão Pará, no bairro do Marco em Belém (PA), palco do assassinato, repercutia na manhã de hoje (25/04) a matéria sobre o crime, ocorrido ontem (24/04). As entidades condenam o tratamento extremamente desrespeitoso dado aos profissionais que por várias vezes foram algemados e permaneceram detidos na sede da Polícia Federal, na capital paraense. O caso está sendo acompanhado de perto pela diretoria do Sinjor-PA como um dos graves exemplos de atentado ao livre exercício do jornalismo e, juntamente com a Fenaj, o sindicato está denunciando o caso aos órgãos competentes. Fenaj e Sinjor-PA se solidarizam com os profissionais agredidos e mais uma vez manifestam sua defesa veemente à liberdade de imprensa.
Redação Terra
{Costa}
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