Por Andrew Gray
BAGDÁ, Iraque (Reuters) - O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, afirmou na sexta-feira a líderes iraquianos que o apoio norte-americano não duraria para sempre e que leis capazes de acelerar a reconciliação entre sunitas e xiitas precisam ser aprovadas antes do final de agosto.
"O progresso rumo à reconciliação será um elemento importante ao avaliarmos a situação no final do verão (de junho a agosto no Hemisfério Norte)", disse Gates, referindo-se ao cronograma que, segundo os militares dos EUA, será usado para avaliar a operação de segurança lançada nove semanas atrás em Bagdá.
"Nosso compromisso com o Iraque é de longo prazo, mas não é um compromisso de colocar nossos jovens patrulhando as ruas do Iraque durante um prazo indeterminado", afirmou, em uma entrevista coletiva.
Esses comentários somam-se entre os mais diretos já feitos por importantes autoridades dos EUA em meio a pressões para que o Iraque acelere os esforços de reconciliação entre a minoria sunita, que dominou o país durante o regime de Saddam Hussein, e a maioria xiita, atualmente no comando do governo iraquiano.
Os EUA, que mantêm 146 mil soldados no Iraque, querem que o governo liderado pelo primeiro-ministro Nuri al-Maliki acelere a aprovação de leis garantindo o compartilhamento dos recursos petrolíferos e cancelando a proibição de que membros do Partido Baath, de Saddam, ocupem cargos públicos.
"Essas medidas não vão solucionar todos os problemas do Iraque, mas vão servir como um sinal claro da vontade do governo iraquiano de ser um governo para toda a população iraquiana", afirmou.
Continua a haver muita tensão nas relações entre xiitas e sunitas desde que um atentado contra um santuário xiita em Samarra, em fevereiro de 2006, detonou uma onda de violência responsável por matar milhares de pessoas. Um número muito maior de iraquianos viu-se obrigado a abandonar suas casas.
LEI DO PETRÓLEO
Comandantes das Forças Armadas dos EUA afirmaram repetidas vezes não haver uma solução militar para a violência no Iraque e que a operação de segurança realizada em Bagdá visa apenas dar ao governo iraquiano espaço de manobra para levar adiante os esforços de reconciliação nacional.
Mas, segundo analistas, o governo iraquiano ainda não conseguiu aproveitar alguns dos ganhos obtidos no início da operação avançando no processo político. Esses analistas dizem ainda que a comunidade internacional precisa se envolver mais com a questão iraquiana.
O gabinete de governo do Iraque deve apresentar o projeto de lei do petróleo na próxima semana. Mas enfrenta a oposição da região curda, que fica no norte do país e é rica em petróleo. Os curdos argumentam que alguns dos pontos da lei são inconstitucionais.
{Costa}
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