Acusados passaram a noite no Batalhão Prisional da PM. Representantes de bingo e sobrinho de contraventor depõem nesta sexta-feira.
Aluizio Freire e Cláudia Loureiro
Do G1, no Rio
Dois dirigentes de bingos e um sobrinho do contraventor Capitão Guimarães já chegaram à 6ª Vara Federal Federal para os depoimentos desta sexta-feira (27).
Os presos passaram a noite no Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar do Rio, em Benfica, no subúrbio.
Segundo o processo, José Renato Granado Ferreira, Paulo Roberto Ferreira Lino e Júlio César Guimarães Sobreira devem ser ouvidos esta tarde pela juíza Ana Paula Vieira Carvalho, na 6ª Vara Criminal Federal, na Zona Portuária.
A Polícia Federal garantiu que os presos ficaram em celas separadas para evitar que combinem os depoimentos.
Já foram ouvidos os três contraventores acusados de chefiar a rede de corrupção do jogo ilegal. Aílton Guimarães Jorge, o capitão Guimarães, Antônio Petrus Kalil , o Turcão, e Aniz Abrahão David, o Anísio, que negaram envolvimento recente com o jogo do bicho e bingos.
A segurança foi reforçada para receber os presos da Operação Furacão. Dezessete acusados estão juntos num alojamento.
Um dos presos, o advogado Virgílio Medina, voltou na quinta-feira (26) para Brasília para depor em outro inquérito. O advogado é irmão no ministro do Superior Tribunal de Justiça Paulo Medina que também foi citado nas investigações.
Bicheiros negam acusações em juízo
Os advogados Nélio Machado e Ubiratan Guedes, que representam respectivamente os contraventores "Capitão Guimarães" e Anísio, disseram que seus clientes negaram as acusações de envolvimento na exploração do jogo ilegal, corrupção e venda de decisões judiciais a donos de casas de bingo e máquinas de caça-níqueis.
Os acusados foram ouvidos, nesta quinta-feira (26), na 6ª Vara Criminal Federal, no Centro do Rio.
Os advogados de Turcão não falaram com a imprensa. Mas, de acordo com a descrição do depoimento divulgada pela Justiça Federal, Turcão também negou todas as acusações, alegando que explorava o jogo do bicho até quatro meses atrás, mas que hoje está afastado da atividade.Nélio Machado considera um castigo e injusta a ida dos presos na Operação Furacão para o Mato Grosso do Sul e defende que seu cliente possa responder ao processo em liberdade, no Rio de Janeiro.
“Levá-los para Mato Grosso do Sul é um castigo para ele e também para sua família. Eles têm a presunção constitucional de não culpabilidade ou da inocência. Enquanto o processo não se desenvolver de maneira regular, qualquer prisão é absolutamente injusta e desnecessária.”Segundo Machado, Capitão Guimarães negou por completo as acusações e diz não saber por que está preso. “Não há absolutamente nada em desfavor dele de tudo o que se apurou”, argumentou. O cliente admitiu, no entanto, que "no passado teve alguma atividade na parte contravencional", mas isso não teria nenhuma ligação com casas de bingo.
O advogado acrescentou que os outros dois depoimentos seguiram a mesma linha e afirma que a decisão da juíza é manter os acusados no Rio de Janeiro até a próxima semana e só então transferi-los para Mato Grosso do Sul.O advogado informou, ainda, que já deu entrada no habeas corpus em favor de Guimarães e aguarda a decisão do Tribunal nos próximos dias. Para ele, o depoimento de seu cliente foi muito seguro, deixando claro que não tem nenhuma relação com casas de bingo e com supostas obtenções de benefícios por meio de medidas judiciais. Nélio Machado afirma que cabe ao Ministério Público provar as acusações, mas está certo que seu cliente será inocentado.
Machado sustenta que houve um tratamento desigual entre os acusados, já que alguns estão respondendo em liberdade. "Não estou recriminando a soltura dos outros. Ao contrário. Ela foi justa e acertada. Eu apenas me insurjo contra a manutenção da prisão dos demais."
O advogado já antecipou que Guimarães não irá acompanhar os depoimentos na sexta-feira (27), por considerar um sacrifício desnecessário. Ele afirma que essa decisão é um direito do cliente.
Anísio diz que declarou dólares encontrados
Já Ubiratan Guedes, advogado de Anísio, informou que o contraventor disse que não é dono de casa de bingo e deu uma razão para os US$ 47 mil que foram encontrados na sua casa.
“Ele esclareceu que na declaração de imposto de renda dele havia US$ 66 mil em casa que seria usado para viagens e que gastou uma parte desse dinheiro.”Segundo o advogado, Anísio admitiu que até 1993 era ligado ao jogo do bicho, mas que deixou a atividade depois da prisão. Ele justificou que os bens que possui hoje são provenientes de vendas de imóveis e aplicações financeiras. Anísio nega que conheça qualquer autoridade envolvida nas investigações da Polícia Federal.
Anísio defende a legalização do jogo
Ubiratan Guedes afirmou, ainda, que, durante a audiência, Anísio defendeu a legalização do jogo do bicho. “Ele luta para que o jogo seja regularizado e se for regularizado, ele diz que volta para o jogo do bicho.”Assim como Machado, Guedes já fez o pedido de habeas corpus e aguarda a decisão da Justiça. O advogado disse também que, durante a audiência, pediu a liberdade de seu cliente. A juíza deve se manifestar sobre o pedido em alguns dias.
{Costa}
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