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7 de setembro de 2007

Lula se explica à classe média

KENNEDY ALENCAR

Colunista da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a data de 7 de Setembro para fazer propaganda política com dois objetos específicos: cortejar a classe média, faixa da população em que há maior insatisfação com seu governo, e colocar no noticiário uma "agenda positiva" em contraponto à "agenda negativa" das últimas semanas.

Ao longo de um pronunciamento em rádio e TV, Lula fez diversos acenos para a classe média. Não citou medidas específicas para favorecê-la, mas fez uma promessa algo vaga: "Nenhum país do mundo pode crescer sem estimular, fortemente, o espírito empreendedor da classe média." A construção do texto soou como uma justificativa das razões de ter priorizado políticas para os mais pobres em seus quase cinco anos de poder. "Devemos entender que quanto menor for o número de pobres e maior o mercado de massa, melhor será este país."

Sem modéstia, Lula falou que, na sua gestão, "está nascendo um novo Brasil". O mote "novo Brasil" guarda semelhança com o nome dado pelo então presidente Fernando Collor de Mello ao plano econômico que congelou preços e seqüestrou recursos da poupança em 1990. Naquele ano, o nome oficial do "Plano Collor 1" era "Plano Brasil Novo".

Ao dizer que o país vive "grande transformação", deu uma cutucada nos críticos. Afirmou que essa "transformação" é de uma "amplitude" nem sempre percebia por 'quem participa de um momento histórico'.

Sem mencionar a decisão do STF de tornar réus em ação criminal a antiga cúpula do PT, Lula admitiu que era preciso "avançar, ainda mais, no terreno da ética e do combate à unidade". Disse que seu governo tinha a "coragem" de realizar esse esforço. E afirmou que colhe "os frutos doces e amargos desta semeadura".

Lula bateu bumbo a respeito das realizações sociais. Segundo ele, o Brasil vive "amplo movimento de inclusão social, de uma intensidade nunca vista". Apesar de ter reconhecido que ainda "há forte dívida social a resgatar com os mais pobres", Lula exagerou quando falou que, "ao contrário de outras épocas, agora não há arrocho salarial e exclusão social". A exclusão social, como ele mesmo assinalou, ainda é enorme.

Resumindo: foi um discurso para Lula vende o seu peixe para população, sobretudo para a fatia mais resistente a ele, e também para responder de certa forma à decisão do STF sobre o mensalão.

Negociação casada

Lula ouviu dos líderes partidários na Câmara que a negociação para aprovar a CPMF tem de ser feita já levando em conta a votação do imposto do cheque no Senado. Disseram que aprovam matérias de acordo com os interesses do Palácio do Planalto, sofrendo desgaste político, mas o governo não sustenta essas negociações quando os projetos chegam ao Senado. Afirmaram que não desejam votar um projeto que será "amaciado" no Senado. Lula deu ordem aos articuladores políticos para tentar fazer uma difícil operação casada.

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