Ângela CorrêaDo Diário do Grande ABC
Pode até soar ofensivo à causa gay dois homens fingirem ser um casal para fraudar o sistema previdenciário e isso ser base para uma comédia típica de Adam Sandler. Mas por mais sacana que seja o mote, Eu os Declaro Marido... e Larry! é diversão, sem sistema de cotas.
O “casal” em questão é Chuck Levine (Sandler) e Larry Valentine (Kevin James, da série The King of Queens), melhores amigos e bombeiros machões em Nova York.
Chuck é um grande mulherengo até que Larry, viúvo e pai de duas crianças, lhe cobra a dívida por ter salvo sua vida dias antes: ele tem de declarar à prefeitura que é parceiro doméstico do amigo.
A proposta de casamento não é uma súbita mudança de orientação sexual. Larry não consegue colocar seus filhos como novos beneficiários de seu seguro de vida e só confia em Chuck para cuidar deles caso algo lhe aconteça.
O problema é que, para o governo, não basta que os dois tenham o mesmo endereço de correspondência: eles têm de provar a paixão, ou irão para a cadeia. Um funcionário da previdência (Steve Buscemi) desconfia da história e resolve desmascará-los.
A advogada Alex McDonough (Jessica Biel), experiente na causa, os aconselha a tornar a história o mais pública possível e a oficializarem o casamento em uma cerimônia no Canadá.
A partir daí, os machões têm de ser verdadeiros bastiões da militância gay: vão a festas beneficentes e paradas e cobrem-se de ícones gays, como discos da Wham!, banda de George Michael antes de ele sair do armário, e lubrificantes. Mas a paixão de Chuck pela advogada deve azedar ainda mais o caso.
Mestres do escracho, o “par” central está ótimo. Sandler, que andou menos histriônico nos recentes Embriagado de Amor e Espanglês, volta à velha escola, mas sem afetações (aquela vozinha irritante parece ter sumido).
A dupla brinca bastante com os clichês, mas parece não ter ofendido a militância. Em tempo: o ator Richard Chamberlain e o cantor Lance Bass, homossexuais assumidos, fazem ponta.
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