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15 de setembro de 2007

Dando as cartas

Funcionários dos Correios paralisam 80% dos serviços nas agências espalhadas pela capital baiana

Mariana Rios

No segundo dia de greve dos funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos na Bahia (ECT), as agências em Salvador registraram uma redução em mais de 80% do movimento. Apenas encomendas via Sedex estão sendo aceitas e encaminhadas, mas sem prazo preciso de entrega. O plano de contingência tenta dar conta da demanda deste tipo de correspondência, considerada prioritária, assim como telegrama e malote. Em toda a Bahia, são 4.800 trabalhadores que reinvindicam, junto com funcionários da ECT de outros 22 estados brasileiros, aumento linear de R$200 e reposição salarial de 47,77%.

Em uma das 33 agências franqueadas da capital, a atendente confirma a ausência de clientes. “Eu fazia cem atendimentos diários. Hoje (ontem, 16h), fiz 17”, contabilizou Silene Carvalho. No local, não estão sendo aceitas encomendas normais, Sedex 10 e PAC. Em outra franqueada, localizada na Federação, a rotina foi alterada, com a queda nos atendimentos. Além disso, os pedidos para entrega via Sedex estão sendo levados pela própria agência para o posto dos Correios no aeroporto. Antes, o recolhimento era feito pela ECT. “Até agora fiz 11 atendimentos, enquanto, em média, este número normalmente ultrapassa 80”, contou a atendente de balcão, Rita de Cássia Dias. Lá, encomendas para Sedex 10 não estão sendo recebidas, ao contrário das cartas – mas, que acabam retidas na agência.

A informação contradiz o que divulga os Correios em seu site na internet: “O atendimento ao público está normal em todas as agências do país”. Nas agências próprias, no entanto, encomendas como Sedex 10 não estão sendo aceitas. Para tentar desafogar o serviço, as entregas estão sendo feitas segundo um planejamento prévio, que descentraliza as encomendas. A estratégia é não comprometer a entrega por piquetes, por exem-plo. Anteontem, foi registrada uma pequena retenção, mas como a postagem diminuiu, foi possível agilizar a entrega com os funcionários que continuam na atividade.

Em toda a Bahia, os Correios possuem 465 agências próprias e 90 franqueadas. Normalmente, a carga de correspondências é direcionada para centros de tratamento de cartas e encomendas e destes para o centro de distribuição domiciliar (CDD). Em Salvador, existem 17 CDDs – locais diretamente afetados pela greve.

Ontem, em mais uma assembléia, a categoria reiterou o estado de greve por tempo indeterminado e aguarda para segunda-feira uma nova proposta. A concentração para a reavaliação do movimento está prevista para às 17h, na Praça da Inglaterra, no Comércio. A proposta da direção central dos Correios, rejeitada pelos grevistas, foi reajuste linear de R$ 50 em janeiro e reajuste salarial de 3,74% retroativo a agosto, além de um abono de R$ 400 divididos em duas parcelas.

A subprocuradora geral do trabalho, Lélia Guimarães Carvalho, que enviou ontem, via Sedex, para a Espanha, sua tese de doutorado O poder do empregador e os direitos fundamentais dos trabalhadores, não sabia da greve, mas apóia o movimento. “É o único direito legítimo e legitimador do trabalhador para defesa de seus direitos”, declarou. Já o contador Ricardo Simões, 30 anos, voltou para casa com as encomendas simples que iria enviar. Ele comercializa bolsas feitas com fitas do Senhor da Bonfim pela internet. “Podem pedir devolução do dinheiro, porque já foram pagas. Espero que não”, afirmou.

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