Eles também pedem a renovação de planos de saúde.Durante culto ecumênico, parentes divulgaram carta com críticas a autoridades.
Mirella D'Elia
Do G1, em Brasília
Um ano após o acidente com o vôo 1907 da Gol, que causou a morte de 154 pessoas, familiares de vítimas questionam o número de indenizações e reivindicam a renovação de planos de assistência médica e psicológica. Eles também divulgaram uma carta com duras críticas a autoridades do Poder Executivo – inclusive o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – e do setor aéreo.
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Veja fotos da tragédia com Boeing da Gol
Os parentes aproveitaram um culto ecumênico, realizado no Jardim Botânico de Brasília neste sábado (29), para fazer queixas. Alegam que o número de famílias indenizadas não passa de 25. A Gol afirma que já foram fechados acordos de indenização com 32 famílias, beneficiando 80 pessoas.
“Temos acompanhado pouca movimentação do governo em esclarecer isso, em apoiar os familiares, trazer uma resposta que amenize um pouco essa dor. Essa omissão causa grande indignação”, disse a presidente da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907, Angelita de Marchi.
Angelita também defendeu a necessidade de cobertura médica para as famílias. Alguns parentes demonstraram temor de que a companhia aérea suspenda os planos de saúde um ano após a tragédia.
“Entendemos que o plano médico é necessário para as famílias. Não dá para separar corpo e mente. Um problema psicológico se reflete no corpo. É humilhante alguém ter que provar que está doente”, disse.
Preocupação
Apesar das reclamações, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, disse que a empresa “desde o primeiro momento teve preocupação de atender as necessidades das famílias”. E que tem intenção de continuar prestando auxílio às famílias que precisarem.
“Os planos psicológicos e médicos por um ano foram para garantir conforto para as famílias. Poucas tiveram necessidade de usar o plano. As que tiveram e que têm necessidade de continuar contando com assistência, temos toda condição de manter”, declarou Constantino, ao chegar ao culto ecumênico. “Não estamos nos furtando a oferecer esse plano”, acrescentou.
Constantino Júnior também refutou as críticas de que o número de indenizações poderia ser maior. “Se dependesse de mim, teria feito 100% dos acordos. Boa parte das famílias não tem interesse em conversar especificamente conosco e prefere buscar indenização nos Estados Unidos, recorrendo contra outras companhias que não a Gol”, afirmou.
Ele não revelou o montante gasto até agora com as indenizações e nem a média do valor pago às famílias. “Não existe valor médio. É difícil determinar quanto vale uma vida. Temos que partir de princípios usados pela Justiça para calcular as indenizações”, afirmou.
Homenagens
Cerca de 50 famílias compareceram ao culto ecumênico. A Gol informou que pagou as despesas de viagem de algumas delas. As 154 vítimas foram homenageadas com placas com seus nomes, postas em pés de ipês plantados no Jardim Botânico. Parentes também receberam rosas brancas. E balões da mesma cor foram soltos no local.
O piloto do Boeing, Décio Chaves Júnior, e o co-piloto, Thiago Jordão Cruso, que morreram no acidente, também foram lembrados. As famílias deles receberam placas confeccionadas a pedido dos familiares.
Emoção
Durante o culto, muitos parentes de vítimas não conseguiram conter a emoção. Mariana Assad Rezende, de 55 anos, e o marido, Antonio Rezede, de 52, perderam o filho, Átila Rezende, de 24 anos, no acidente. Ele estava no quarto ano da faculdade de medicina.
“Esse cenário só nos contempla tristeza, amargura e questionamentos. Como isso foi ocorrer? Quantas famílias perderam seus entes queridos, que tinham projetos? Meu filho tinha um ideal que não se concretizou”, afirmou Mariana.
“A dor é constante. O tempo nos leva a ver que isso é uma realidade. Mas a saudade é muito grande. Através da força que uma família passa para a outra, conseguimos ir levando a vida”, declarou o pai do jovem.
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