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24 de setembro de 2007

Lula reencontra Bush mais próximo de acordo comercial

Nunca antes na história recente das relações entre Brasil e EUA os dois países estiveram tão perto de chegar a um acordo para ajudar a destravar a Rodada Doha de comércio exterior quanto na reunião da tarde desta segunda-feira de Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush, no luxuoso hotel Waldorf Astoria, em Manhattan.

Será o terceiro encontro bilateral de 2007 e, talvez ouvindo o que disse o presidente brasileiro nas duas primeiras reuniões, no começo e no final de março, seu colega norte-americano colocará na mesa a oferta que mantinha "no bolso do colete", como brincou Lula. Essa começou a tomar forma na semana passada.

Bush acenará reduzir os subsídios que seu governo dá à agricultura. Em troca, pedirá que o Brasil aceite liderar o bloco dos países emergentes ao aceitar reduzir suas tarifas de importação no setor industrial. Esses são dois dos principais entraves atuais da rodada de liberalização comercial no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC), bloqueada desde o ano passado.

Se EUA e Brasil derem o primeiro passo, avaliam técnicos envolvidos nas negociações, é provável que a União Européia, de um lado, e os outros países emergentes, do outro, os sigam. Segundo diplomatas de ambos os países, há uma nova inflexão para o acordo, amparada pela urgência em ambos os lados.

Bush é um presidente em final de mandato que tem de lidar com um Congresso dominado pela oposição democrata, que vem se mostrando protecionista em questões comerciais. Já Lula não quer ser visto como um dos empecilhos de uma audaciosa negociação de comércio exterior que precisa recomeçar a andar em outubro.

Há alguns dias, Lula disse que pretendia ainda abordar na reunião a crise imobiliária que ameaça contaminar a economia norte-americana. Afirmou que pediria ao amigo que "resolvesse a crise", para que essa não chegasse ao Brasil. É pouco provável que o tema encontre ressonância no encontro bilateral, que de resto seguirá a agenda dos anteriores.

Segundo o divulgado pelos dois governos, Lula e Bush tratarão ainda de energia renovável -a ONU sedia a partir de hoje um encontro sobre meio-ambiente; a Casa Branca faz o seu no final dessa semana, em Washington.

No começo do ano, os dois países assinaram memorando de entendimento sobre o etanol, mas a colaboração vem se dando mais no aspecto técnico; é mínima a chance de os EUA derrubarem a tarifa que cobram do biocombustível brasileiro, hoje de US$ 0,54 por galão importado. Mesmo que Bush cedesse à demanda do governo brasileiro, o Congresso quase certamente a barraria.

A chegada de Lula a Nova York estava prevista para o começo da madrugada de hoje. O encontro do brasileiro com o norte-americano será às 17h55 (18h55 de Brasília), com participação do chanceler Celso Amorim e da negociadora Susan Schwab, dos EUA. Amanhã, fará o discurso de abertura da 62¦ Assembléia Geral da ONU.

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