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7 de setembro de 2007

Taxa oficial de inflação dobra durante agosto

Alimentos levam IPCA para 0,47%

RIO - A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dobrou em agosto, pressionada mais uma vez pelos alimentos. A taxa ficou em 0,47%, ante 0,24% em julho. Os produtos alimentícios aumentaram 1,59%, a maior variação mensal desde março de 2003, com forte influência do leite e seus derivados. A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, acredita que a pressão dos alimentos poderá prosseguir, ainda que em ritmo mais brando, nos próximos meses.

O IPCA, que é referência para a meta de inflação do governo (4,5% em 2007), acumulou de janeiro a agosto alta de 2,80% e, em 12 meses, de 4,18%. O aumento da taxa em agosto já era esperado por economistas, que, no entanto, consideram que o índice está em patamar alto. “O IPCA veio com um resultado dentro do esperado, mas está num patamar elevado”, observou o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto. Ele acredita que os alimentos vão continuar pressionando a inflação nos próximos meses, mas com desaceleração nos reajustes. Alguma redução de ritmo nos aumentos dos alimentícios também é esperada pela economista Basiliki Litvac, da MCM Consultores. Para ela, o IPCA de setembro estará em torno de 0,30%.

Os economistas da LCA Consultores, em relatório sobre o índice do IBGE, concordam com a perspectiva de reajustes menores para os alimentos, mas alertam que isso poderá ocorrer lentamente. A boa notícia para os consumidores é que, para eles, o repasse das altas dos alimentícios que estão sendo apuradas no atacado para o varejo ainda ocorre timidamente, o que pode significar que os varejistas estão absorvendo parte dos custos para manter o volume de vendas e haverá “uma desaceleração gradual e irregular do grupo alimentação nos próximos meses”.

Segundo Eulina, a alta nos preços do leite e derivados, que tem representado a maior pressão individual para o IPCA mensal desde maio, começou a desacelerar no final de agosto e deverá prosseguir nessa trajetória nos próximos meses, mesmo que ainda permaneça algum resquício sobre as despesas das famílias.

Em agosto, o item leite e derivados teve aumento de 5,77%, contribuindo com 0,13 ponto percentual para a inflação do mês.

Em julho, o reajuste havia sido de 11,31%. Eulina lembrou que esses produtos têm sofrido influência da entressafra, aumento do consumo interno e mundial e quebra de safra em países produtores importantes, como a Austrália. Em 2007, o leite pasteurizado já acumulou alta de 53,95%, contribuindo com 0,66 pp para a inflação de apurada no acumulado de janeiro a agosto.

Os produtos não alimentícios registraram reajuste de 0,22% em agosto. As principais pressões de alta foram dadas por telefone fixo (1,14%), conserto de automóvel (1,41%), empregados domésticos (0,69%), plano de saúde (0,56%), colégios (0,49%) e ônibus urbano (0,43%). Por outro lado, os combustíveis evitaram uma alta maior do índice, já que a gasolina registrou deflação de 0,89% e o álcool apresentou queda de 3,76% nos preços. (AE)

Peso é maior para mais pobres

RIO - As famílias da camada de renda mais baixa da população estão sendo mais prejudicadas com a alta dos produtos alimentícios. A inflação apurada para os mais pobres, no acumulado de janeiro a agosto, superou a dos mais ricos em 2007, fato que não ocorria desde 2003. O INPC, que mede a inflação para famílias com rendimento entre um e seis salários mínimos, subiu 0,59% em agosto e acumula, em 2007, alta de 3,13%, enquanto o IPCA, que se refere às famílias com renda de um a 40 salários mínimos, registra inflação um pouco menor, de 0,47% no mês e 2,80% no ano.

A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, observou que “os mais pobres estão sendo mais prejudicados e as evidências são de continuidade” da inflação maior para essa camada da população. O argumento é que os itens, que deverão ajudar a conter a inflação em setembro, como telefone fixo e combustíveis, têm peso menor no INPC do que no IPCA, enquanto os alimentos devem continuar mostrando elevação de preços, mesmo que em menor ritmo. (AE)

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