Os iraquianos reclamaram do plano de segurança organizado por tropas dos EUA
Associated Press, Reuters e Efe
BAGDÁ - Um dia após atentados deixarem 183 mortos no Iraque, uma nova série de ataques em diversas regiões do país matou pelo menos 21 e outros 31 ficaram feridos nesta quinta-feira, 18. Ao mesmo tempo, iraquianos começaram a reclamar do plano de segurança americano.
Segundo fontes da polícia, quatro guarda-costas do vice-ministro do Interior, Ahmed Mohammed Khalaf, morreram numa emboscada armada em Shurqat, 85 quilômetros ao norte de Tikrit, capital da província.
O filho do vice-ministro também morreu no tiroteio, acrescentaram as fontes.
Também em Shurqat foram achados os corpos de duas pessoas com tiros na cabeça.
Na cidade xiita de Dujail, 60 quilômetros ao norte de Bagdá e na mesma província, outras duas pessoas morreram num atentado. Não há mais detalhes.
Em outro local, no bairro de Jadriya, a agência "Aswat al-Iraq", indicou que um ataque suicida causou a explosão de um caminhão cheio de algum líquido ou gás inflamável, que incendiou várias lojas da área.
Aparentemente, o suicida queria atentar contra uma patrulha policial na região, mas a informação não foi confirmada, como também não ficou claro se a explosão do caminhão foi provocada ou acidental.
Pelo menos 11 pessoas morreram nas últimas horas no Iraque numa nova série de ataques, principalmente na província de Salah ad-Din, no norte do país, informaram fontes policiais.
Além disso, um carro militar americano foi destruído ao passar por cima de uma bomba perto de Duluiya, 90 quilômetros ao norte de Bagdá, segundo fontes policiais. Até o momento não há informações sobre vítimas do ataque. Helicópteros americanos foram vistos sobrevoando a região imediatamente após a explosão.
Em Zafaraniya, 40 quilômetros ao sul de Bagdá, três pessoas, entre elas uma mulher e uma criança, morreram atingidas por tiros de morteiro numa área residencial. A região fica entre Bagdá e as áreas xiitas do sul do país. A sua população é uma mistura de xiitas e sunitas.
Reclamação
Cansados da guerra, os iraquianos manifestaram nesta quinta-feira sua insatisfação com o plano de segurança de Bagdá, um dia depois que quase 200 pessoas terem morrido em ataques.
Supostos militantes sunitas da Al-Qaeda detonaram uma série de bombas nas regiões xiitas de Bagdá na quarta-feira. Foi o pior dia de violência na cidade desde que o plano para impedir que o Iraque entre em guerra civil foi lançado, em fevereiro.
Enquanto isso, as famílias das vítimas destes ataques pedem que o hospital libere os corpos dos mortos.
O porta-voz militar dos EUA, o major-general William Caldwell, disse que as indicações iniciais apontam para ação da Al-Qaeda e que os ataques foram programados para acontecer com pouca diferença de tempo.
"Eles estão tentando destruir a confiança do povo, já que sentem que a segurança está melhorando", disse Caldwell.
"O governo fala sobre plano de segurança, mas dezenas de pessoas estão morrendo todos os dias. Ninguém está nos protegendo", disse Sabah Haider, 42, parado em frente a uma dezena de microônibus incinerados em Sadriya, cenário do pior ataque, que matou 140 pessoas.
Rahim Ali, também em Sadriya, disse: "Os americanos dizem que estão aqui para proteger o povo iraquiano, mas não estão fazendo nada."
Ainda havia fumaça nos destroços e sandálias e vidro estavam espalhados pelo chão. Muitos moradores criticam o governo xiita do primeiro-ministro Nuri al-Maliki por não protegê-los.
Maliki disse na quarta-feira que os iraquianos vão assumir o controle de toda a segurança do país, no lugar das forças estrangeiras, até o final deste ano.
O plano de segurança de Bagdá, que pede o envio de mais 30.000 soldados americanos e milhares de iraquianos, diminuiu o número de assassinatos sectários atribuídos a milícias xiitas.
Mas até agora não conseguiu conter os carros-bomba atribuídos à Al-Qaeda, o que provoca temores de represálias por parte da milícia Exército Mehdi, do clérigo xiita antiamericano Moqtada al-Sadr.
O secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, disse em Tel Aviv na quarta-feira que o objetivo dos ataques é destruir a reconciliação nacional e manifestou temores de que os xiitas percam a paciência com o governo de Maliki e com as forças norte-americanas.
"Só podemos esperar que os xiitas tenham confiança que seu governo e a coalizão irão atrás das pessoas que realizaram este horror", disse Gates.
No final da quarta-feira, Maliki ordenou a prisão do comandante do Exército iraquiano responsável pela segurança de Sadriya por não ter conseguido proteger a área.
{Costa}
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